Dois poemas inéditos de Max Lima
Max Lima (Rio de Janeiro, 1992) é um músico e poeta brasileiro. Mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, possui poemas publicados em diversas revistas e blogs literários. É autor do livro Tetraplegia das Coisas, lançado em 2020 pela editora Patuá.
***
ariadne
descobri, ariadne, que a palavra
minotauro é um edifício vazio
nem cem mil homens e cem mil touros
e uma creta inteira, ariadne,
podem ocupar este abismo
transitar nestes corredores
repito e repito, ariadne,
a palavra minotauro
persigo cada fonema
na esperança de que a rota
se anuncie
escuta: é sempre silêncio na
palavra minotauro, ariadne
também desabitado me agarrei
ao mito
em busca de uma rota
que me desse origem, ariadne
tudo em vão
para que este fio, ariadne, se
só há um caminho para o poço?
para que o fio, ariadne,
se o labirinto já ruiu?
*
édipo
quiromancia é a antiga arte
de ler o futuro nas mãos
mas como chamaríamos o ato
de ver o passado em nossos pés?
saber ler o enigma nas rachaduras
linhas
mapas
geografias
rastros
estes pés sabem todo e cada
lugar em que estive
irã
cachambi
tebas
aqui