Especial Arcada: Três poemas de “Lorde Bosta” de Lorenzo Falcão
Lorenzo Falcão, o “lorde bosta” e a experiência Arcada
Arcada não é um selo, nem editora. É um grupo de escritores criado em 2018 por Danilo Fochesatto, Lorenzo Falcão, Júlio Custódio e Rodrigo Meloni. Em 2021, aderiu ao Arcada Santiago Santos. O quinteto aceita a nominação de autopublicadores, realizando suas produções em conjunto. Todos leem os livros de todos e dão sugestões aqui, ali e acolá.
O processo gráfico, o marketing do lançamento e a distribuição também são decisões compartilhadas; e as obras são lançadas em conjunto, o que procede numa “coleção”. A primeira teve lançamento em 2019 e a segunda em 2023.
“Literatura é algo muito relacionado com solidão. Daí, quando você torna coletivo esse processo de criação e produção, fica mais divertido e, embora mais lento, a probabilidade da obra ser melhor, se expande”, diz Lorenzo, sobre a experiência Arcada.
Os dois livros de Lorenzo Falcão, lançados pelo Arcada, podem ser adquiridos através do site https://leiaarcada.com.br/ . O autor também entrega seus livros – os do Arcada e os outros, pessoalmente, para moradores de Cuiabá, ou encaminha pelo Correio. Pode ser contatado pelo celular 65996269657 (ligação ou whats), ou pelo e-mail lorenzzojesus@gmail.com (ligação ou whats).
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Lorenzo de Jesus Miranda Falcão nasceu em Niterói (RJ). Vive em Cuiabá (MT) há mais de 50 anos. É jornalista cultural há quase 40 anos e, desde 2010, edita o site tyrannusmelancholicus.com.br. Tem experiência com várias artes, mas a literatura é o seu lugar mais frequente. Já lançou sete livros: “Motel Sorriso” (contos – edição do autor – 2002), “dIFERENTE” (revista de poesia – edição do autor – 2002), “mundo cerrado” (poesias – Editora Entrelinhas – 2011), “Duplex: concurso interno de contos” (contos – Carlini e Caniato – 2018 – em parceria com sua esposa Fátima Sonoda), “distribuidora falcão” (poesias – Arcada – 2019), “abobrinha” (poesias – Carlini e Caniato – 2021), e “lorde bosta” (poesia – Arcada – 2023). Integra a Academia Mato-grossense de Letras desde 2018.
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Três poemas de Lorde Bosta de Lorenzo Falcão
silêncio
chega uma certa hora
madrugada quando
o silêncio se faz
quase absoluto
nem mesmo os cães
estão latindo ao longe
e os galos tampouco
anunciam o amanhecer
silêncio… pode ser
que acabou de passar
um anjo
com sua trilha sonora:
o cricrilar dos grilos
e o som das pias
que gotejam
na madrugada minimalista
*
velho mundo
seguimos todos cantando
aqueles nossos versos
de vez em quando
e dispersos
bradamos em conjunto
desde o velho mundo
o nosso jeito diferente
de ser gente
a poesia contida
grito primordial
do homem das cavernas
a lamber a ferida:
instinto animal
o mundo está velho
e nele a nossa parte:
o verso metendo o bedelho
na história da arte
*
nunca termina
eu queria escrever
um daqueles romances
gigantescos
que o leitor nunca termina
talvez chateado
com tanta complexidade
e com a história
que nunca termina
quando a gente começa
a ler qualquer coisa
é porque quer chegar ao fim.
então, segue este pequeno poema.
mas, no entretanto,
prossegue a minha vontade
de te chatear e saiba:
ainda vou escrever um romance