Especial Mulherio das Letras Indígenas: Erika Marcela Sanchez Zaza
Erika Marcela Sanchez Zaza nascida da cordilheira oriental dos Andes, artista autônoma, mulher, imigrante radicada no Brasil, suas linhagens indígenas são Muisca e Senú da Colômbia. Muysccubun é o dialeto dos muiscas que pertence à família linguística chibcha. O trabalho de Erika Sánchez é de integrar o mundo das artes, fazendo espetáculos de Circo, performance de danças diaspóricas; círculos de cultura focados na identidade, ancestralidade, re-educando através da arte e da dança desenvolvendo nossa consciência histórica e corporal.
Desde criança, a trajetória artística se inicia em artes visuais por meio de seu pai que é indígena, é pintor, filósofo e historiador da etnia Senú, localizada no norte da Colômbia. Aos 16 anos iniciou os estudos com dança contemporânea e teatro. Aos 19 anos, Erika estudou artes cênicas com ênfase em dança contemporânea na Academia Superior de artes de Bogotá, Universidade distrital na Colômbia. Estudou danças afro-indígenas, fazendo parte do teatro dos sonhos com o mestre Jairo Cuero no espaço Cununafro, na Colômbia.
Erika é poeta, escritora, artista de circo, palhaça, dançarina, coreógrafa, arte-educadora, artesã e produtora cultural. Seu trabalho está focado em honrar as culturas dos povos ancestrais e parentes indígenas. Nesse jeito de ser e fazer, expressa na dança, na arte e na poesia que repassa a tradição oral e escrita de nossos povos ancestrais tendo uma ideia do conceito poético, literário e social desses povos que são a base de sua trajetória artística. Erika fez um circuito de apresentações em mais de 10 países da América Latina plantando arte como terapia.
Atividades atuais:
Idealizadora, coordenadora geral e produtora do Festival Internacional de Circo Abya Yala: @abyayalafestival
Idealizadora e produtora da Companhía de danças diaspóricas Afroliberarte: @afroliberarte
Idealizadora e produtora da Companhía de circo-teatro Thichielugh: @thichielugh
Pertence ao grupo de pesquisa plurinacional de mulheres indígenas Wayrakunas: @wayrakuna_
Pertence ao grupo do Mulherío das letras indígenas: @mulheriodasletrasindigenas
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Qual é a importância do Mulherio das Letras Indígenas?
A importância do mulherio é a grande e maravilhosa visibilidade da mulher indígena com sua potência de oralidade na poesia, escrita e diversas formas de expressão artística que são mensagem e aprendizagem das culturas de nossos povos ancestrais com grandes valores humanos, conhecimentos e sabedoria de nossas histórias e memórias.
Mostrando que resistimos porque existimos em meio de uma história de colonização e apagamento de nossas tradições e cosmovisão, é aí que relembramos nossa verdadeira história e não a história absurda que foi imposta pela repressão sem noção do sistema patriarcal.
Somos a mulher indígena da aldeia e a indígena urbana e em retomada que vive e sente com seu espírito a presença real de sua própria história, tecendo entre pesquisas e mil memórias um renascer sem medo a morrer injustamente por protagonizar um caminho próprio cheio de memórias.
No fundo de nosso ser as mulheres do mulherio sentem e vibram com a grande missão de fazer justiça e paz por nossa Terra e nossos ancestrais para os futuros irmãos da humanidade.
Guerreiras de paz e ancestralidade nascem, renascem, florescendo num jardim da coletividade e reciprocidade unindo diferentes etnias indígenas da Abya Yala.
Compartilho meu sentimento individual do que é o mulherio para mim:
É a união de mulheres em sororidade, sendo eu mulher indígena imigrante, fui muito bem-vinda com amor, respeito, sem competição, nem descriminação.
É muito necessário gerar grupos, espaços em união com as mulheres indígenas, já que, assim, podemos criar, curar, plantar ideias e assim acompanhar nossas ideias e lutas juntas por nossos direitos e os da nossa Mãe Terra.
Só posso agradecer ao mulherio das letras indígenas por existir e combater as batalhas da vida em união e poesia.
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HABITAR É DESCOLONIZAR (2020)
Sou forte porque habito minhas fragilidades, observando-me a fundo sou luz na escuridão vivendo com naturalidade. Habitando meu sentir chego sem mentir e com o intuito sigo caminhando, sentindo cada passo encontrando as mortes necessárias, renasço e volto a florescer dentro de meu ser.
Inesperadamente habito minhas feridas elas vêm lembrando minha cura dançando meu coração com noção e sem nação, só a raiz me leva para sentir o que verdadeiramente sou em meu coração.
Destruindo, abro os caminhos para ser e florescer quebrando o asfalto do jardim me reconheço para construir a partir de meu sentir as raízes de meu povo florescem, crescem se enriquecem para resistir e seguir um caminho para persistir sem esquecer nossas raízes desde a cicatriz.
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IMIGRANTE AMERÍNDIA (2023)
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ABYA YALA