Ping Poesia 5 – Wilson Guanais e Andri Carvão
Trazemos hoje mais um episódio da série de curadorias com os poemas do Ping Poesia, projeto idealizado por Andri Carvão, Noélia Ribeiro e José Danilo Rangel, que originalmente consiste na gravação de um vídeo com uma dupla de poetas fazendo um rápido ping-pong com trechos de seus poemas. Aqui, na Ruído Manifesto, as leitoras e os leitores poderão ler os poemas utilizados na íntegra e também assistir ao vídeo, veiculado inicialmente na página Ping Poesia. Desta edição fazem parte os poetas Wilson Guanais e Andri Carvão.
Wilson Guanais é de Bastos, interior de São Paulo, onde passou a infância e no momento reside e trabalha na capital. Artista plástico e escritor amador, o autor tem alguns livros publicados e participação em antologias e exposições coletivas de arte. Publicou pela Editora Penalux os livros Em noites de sol, De sonho e de lama, A casca da casca (ou o lado de dentro), Em branco silêncio e Um poema pra Loba (em fase de revisão), entre outros. Possui participações em várias revistas virtuais e encontros literários, dentre eles a Live de Domingo: o poeta ao vivo do poeta José Danilo Rangel e o Simpósio de Poetas Bêbadxs organizado pelos poetas Andri Carvão e Thiago Medeiros.
Andri Carvão cursou artes plásticas na Escola de Arte Fego Camargo em Taubaté, na Fundação das Artes de São Caetano do Sul e na EPA – Escola Panamericana de Arte [SP]. Graduando em Letras pela Universidade de São Paulo, há colaborações do autor em diversas revistas e antologias. Suas últimas publicações foram Um Sol Para Cada Montanha [Chiado Books] e Poemas do Golpe [editora Patuá]. Integra o Coletivo de Literatura Glauco Mattoso, criado pelo profº Antonio Vicente Seraphim Pietroforte, apresenta poetas e poetos no Simpósio de Poetas Bêbadxs em parceria com Thiago Medeiros e é um dos idealizadores do Ping Poesia junto com Noélia Ribeiro e José Danilo Rangel.
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Sequência de Wilson Guanais
Andarilho
antes
de
toda
breve
caminhada
eu
me
aqueço
alongando
distâncias.
*
Asas de molho
ando
em
círculos
pela
casa
: estico
as
pernas
( de
pau ).
*
Basta
meia
volta
em torno
de nada
tropeço
em
algo
derrubo
tudo.
*
Bagagem
já não
agüento
mais
as pernas
os pés
doendo
próxima
viagem
só levo
os olhos.
*
Poeta
só quem
entra
no poema
entra
e sai
no espelho
: sabe
que poema
não
tem saída.
**
Sequência de Andri Carvão
O duplo
as sombras
das nuvens
nas montanhas
o reflexo
das árvores
no riacho
puro espírito
a beleza
é terrível
*
Pó de pirlimpimpim
Para Alice e Sofia
a-
ponta a
planta na
ponta da
ponte e
pinta o
poente de
pranto
só
se
sente as-
sim a-
cima do
sétimo
céu a-
quele
que
cai aos
ca-
cos no
caos do
chão de
cal
conta e
canta
quantos
plânctons na
planta
libélula
lilás
belisca
bétula
*
Queda livre
Elemento de alta periculosidade à solta – o ar!
Voar alto
não é passar
dos limites.
O negócio é não
fazer sombra
no chão.
Quem cria raízes não alça vôos
: sonhar acordado
em queda-livre…
sonhar alto
sem pára-quedas!
E a cada voo rasante
uma queda arrasadora.
*
Era uma vez
até que um dia
todos viveram felizes para sempre.
**
Agora, assista ao vídeo