Quatro poemas de Carlos Augusto
Carlos Augusto – nasceu em Anápolis – GO – em 1995. É escritor, poeta cidadão, psicólogo especialista, ativista cultural. Acredita que a literatura é uma ferramenta imprescindível para encantar e contestar, por isso busca dialogar com tudo o que há de mais encantador e real nas vivências possíveis neste plano. Não escreve para entreter, escreve para intervir, por entender a magnitude de cada palavra como um meio possível para que possamos evoluir. Autor dos livros: Um Encanto Em Cada Canto (2015), Crânio Coração e Poesia (2017) e Pelas Periferias do Brasil vl. 07 (2018), sua estreia no formato de Antologia. É peregrino, e promove saraus e oficinas de poesia pelas escolas, caps, e outros locais da cidade em que mora atualmente – Rio Verde GO, e em outras cidades do estado. Escreve nas páginas: facebook.com/poetacarlosa e no Instagram: @carloswriter.
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Apropriação Sentimental
A cultura tem uma linguagem universal, tem a que
Aprendemos em nosso meio, e a que
Fazemos no fundo do
Quintal.
Você pode usar o black, o liso, o cacheado, use o cabelo que gostar, use a
Tiara, a faixa, a flor, o grampo ou o que agrada o teu olhar.
Pode fazer tattoo, usar o piercing, o alargador, e o
Furo que quiser fazer na orelha pode furar,
Vale tudo isso, só não vale o
Mal-estar.
Pode falar mano, mina, só, demorô, pode falar até adeus,
Mas é melhor falar amô. Pode falar maneiro,
Partiu, suave, sinistro, oxente, pode
Falar qualquer gíria, desde
Que respeite cada
Gente.
Seja você, não precisa se acanhar, ninguém lhe impedirá
De se usar, mas use direito, o criador e o
Mantenedor de cada cultura e
Você merece o mesmo
Respeito.
*
Missão à Frente
Enquanto alguns brigam por ser da esquerda
Ou direita, um morre a sua esquerda,
Outros passam fome a sua
Direita.
Brasil retrógrado, que se perde no conceito de
União, espera causa e consequências,
Só não se lembram da
Prevenção.
Muita gente perdendo tempo se difamando,
Audazes estão sendo aqueles que
Ganham tempo se
Amando.
Reflexão, cadeia não substitui educação, escola não é recreação,
Respeite o ambiente de formação, tão quanto quem está
À frente, lutando diariamente com fervor,
Não brinque com a missão de
Um educador.
*
Levo-te
Saudade demasiada desse sorriso,
Você não finge ser, você é,
Aquilo que quer ser,
Onde quiser.
Saudade da face descarada que era tua face,
Era você, não era disfarçada,
Nem quiçá forçada.
Saudade vem naturalmente por seu jeito
Natural, essências verdadeiras
Ultrapassam o tempo, e o
Que imaginamos
Ser real.
Quando o amor está em si antes de
Chegar no ar, sinto amor por ti
Até através do respirar, o
Amor faz levitar,
Levo-te.
*
RACISMO NOSSO DE CADA DIA
A porta magicamente trava-se, a
calçada repetidamente se esvazia,
e quem não vivencia, pouco
compreende a dor do racismo
nosso de cada dia.
A mão que nunca se estende,
o braço que nunca conforta,
a arma que é sempre apontada,
e o mesmo braço, mata, enforca.
O país que ainda é escravocrata,
a polícia que só se engana com
uma cor, seriam todos daltônicos,
ou a favor do genocídio
desprezador.
Empatia com o corpo negro não há,
são vários se fazendo de senhor
de engenho e sinhá, expondo o
corpo negro num lugar que ele
nunca deveria voltar.
Estudam isenção de pena para
quem nos mata, segurança pública?
Não! Só mais um método que
maltrata-nos.
A bala que perfura o mesmo peito,
e eu sei bem o que você pensa,
não percebeu que é a nossa dor
que alimenta as manchetes
da imprensa.