Quatro poemas de Maia Ronchi
Maia Ronchi é uma amante das artes, com um gosto peculiar para filmes e música, ainda grande fã de videogames e arquitetura, apaixonada por gatos, tatuagens e portas.
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Sinfonia
Em um cenário conturbado, sem rotina
Sempre que lhe procuro és minha nicotina
Dos teus cigarros todos fumam
Tuas palavras me acalmam
Na tormenta da vida és trovão
Em uma sinfonia estranha, voz da razão
Tua companhia me agrada, me traz à realidade
Leva a vida com uma certa habilidade
A insanidade do viver se confunde com sua loucura
E em cada loucura, um sopro de existir
A dualidade o envolve, não me permite desistir
E em sua loucura é meu abrigo
Um mosaico desenhado, um retrato abstrato
*
Afogamento
Eu tentei de todas as formas nadar contra a corrente
Me agarrar as tuas promessas
Mas elas eram vazias
E eu me afoguei
Me afoguei nas minhas próprias lágrimas
Com um nó na garganta
Com medo de cada palavra que viria a proferir
Não eram mais tuas mãos me afagando
Elas agora me afogavam
Me empurravam cada vez mais fundo
Mas não em minhas próprias lágrimas
E sim em teu ego doentio
Eu me afoguei
*
Cinzas
Passa dia, passa noite
E rosa choraminga
Passa dia, passa noite
E as pétalas apodrecem
Caem pelo chão e misturam se as cinzas
Passa dia, passa noite
E o fogo não cessa, não se cansa
E a rosa choraminga
Por todas as pétalas ao chão
Cobertas de cinza
Ciclos que se encerram
Eterno renascimento
*
Tormenta
Te conheci há pouco
Tão pouco e tão profundo
Mar aberto
Aceitei teus raios, calor, chuva e vento
Mar sedento
Deixei-te entrar, com tudo que tinhas
Mas trouxeste apenas tempestade
Tão forte e tão intensa
Que um barco tão pequeno não poderia suportar
Imploro, em súplica
Suaviza tua fúria
Deixe-me nadar
Permita a calmaria
Deixe-me te amar