Seis poemas de Beatriz do Carmo
Beatriz do Carmo, 21 anos, natural de Cataguases/MG. Formada em Humanidades pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e graduanda em Ciências Sociais também pela UFJF. Além disso, foi participante da segunda edição do Spotify Sound Up Brasil.
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É um saco não ter lugar
Ter casa e não ter sossego
E o problema não ser a casa ser você
Você é o problema de sua casa
Tudo é culpa de si mesmo
Quando se é caos
Caos tira a casa
Tira tudo
Principalmente você
De sua própria casa
*
Eu carrego comigo meus ancestrais
Suas dores
Sinto coisas que não são minhas
Coisas passadas de geração em geração
As dores
As coisas que sinto que vão acontecer
Pequenas premonições
Carrego as sensações de Amaro
E seus repentes
De Margarida o banto
Sua psique comprometida
De mim não há nada
Aos poucos vou conhecendo meus eu passados
Conhecendo e sentindo eles pelos relatos
Aos poucos vou me conhecendo
Sabendo dos porquês que me compõe
Conhecendo meu passado
Para entender meu presente
*
A vontade
Está indo
Que vá
E não volte
Não quero ver tão cedo
Se prepare
Quando voltar
A luta será feia
Meu exército está pronto
*
Uma tarde de sol
Enquanto pinto
A luz do sol
Penso em ti
Você é toxico por perto
Mas me traz inspiração
Me leva a cantar Maysa [ouvir bossa
Fumar e beber enquanto
Pinto
Você longe traz paz
Fique longe
Não volte
Me faça bem, por favo
Pelo menos essa vez
Não tem cigarro
Não tenho álcool
Tenho apenas
Papel e caneta
Estou em abstinência
Não tenho 18 anos mas
Já tenho vícios
Levo uma vida reprimida
Quero meter louco
Uma vida boemia
Porém culta
Preciso de livros novos
Já li todos
Não gosto de ler Graciliano
Tenho alguns vícios bons
Devorar livros
Eu sou assim velha
Mas estou viva
*
Seu nome significa Pérola
Realmente és perola
É uma pérola imperfeita
Que se fez perfeita
Trouxe luz forte como pedra
És a mãe do primeiro
Senhora misteriosa
Que deixa saudade
Mesmo a quem em carne não conheceu
Te taxaram de louca
Mas es lucida como ninguém
Conheceu os mistérios
Os segredos, conheces o mundo
E sempre mostrou quem és
Pelas poucas palavras
Gestos
E seus cantos
Sei que é luz
*
Revoluções, revoluções
Escuto todos os dias
A revolução isso, a revolução aquilo
Mas eu mesma nunca vi revolução
Nunca vi um país sem fome
O povo alfabetizado
A política importar com pobres
Eu quero a revolução
Eu vou fazer revolução
Com um lápis e o livro na mão
Farei o Brasil ideal;
Igualitário não em tese, mas na prática
Verei meu povo negro com diploma na mão
O analfabetismo erradicado
Um país culto
Um país revolução.
Maria da Penha Silva e Souza
Beatriz aquela que traz paz e alegria, já saiu de meu ventre independente, mãe vc podia me ajudar a…não pode deixar já sei. Assim foi na infância, na adolescência e agora suas asas estão crescendo. Voe. Desejo sucesso, positividade, não esqueça de louvar e agradecer ao criador.