Seis poemas de Higor William
Higor William. “Me chamo Higor William da S. M. Marcolino, tenho 19 anos, natural de São Paulo – SP. Estou bacharelando em História pela Universidade Federal de Pelotas, sou Técnico em Eventos pela Etec Parque Belém, professor de História d’África pelo Cursinho Popular da FFLCH e de História Geral e Atualidades pelo Cursinho Online Explica Enem”.
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Efemeridades
O tempo nos prova que o sabor
Do doce café é algo singular
A regra do poço é secular
As energias que vem e vão
São partes desta estação
Um comboio de ilusão
Chamado coração
A sutileza do chocolate
O enamorar das sereias
Amantes da madruga
Os sussurros na areia
Tudo é rápido
O gozo da felicidade
Punição divina
Dá o amor puro
Logo depois tira
Não se faz paixão
Sem saudade,
Nem alegria
Sem tristeza
Porque a vida é uma
Efemeridade,
E tudo isso é brincadeira
De quem sabe amar
De quem sabe chorar
*
Sonhos são Sonhos
Sonhei que a felicidade
Morava ali,
Perto do céu
Encostada no inferno
Sonhei que tudo
Era azul,
Pena que a Margarida
Já não mais sentia
Sonhei que tudo era
A beleza da paixão
Mas quando acordei
Era só desilusão
Sonhei que estava vivo
Que tudo era assim,
Belo e sorridente,
Sem haver um verso dissidente
*
Munzeiro
Mal raiou a aurora
Num distinto cativeiro
Lá vem senhora
Com Ares traiçoeiros
Benfeitor não vai à guerra
Sem antes pedir a bênção
a ela
A escravaria só funciona
Se tiver alegria
Não importa se é
Por bem ou mal
Deve haver felicidade geral
Aos ingleses liberdade
Africanos e cativos
Quizila e munzismo
Escravaria de outrora
Virou piadaria
Com motivações incertas
Tudo vira hipocrisia
No Rio os caudalosos governos
Entram e saem
Mas a retórica do discurso
Nunca mudou:
É o trabalho, trabalho, do empreendedor
*
Canto do Brasil
Mil almas se vão pelo Araguaia
Levam pá e alecrim
Um litro de Anil
Velas embandeiradas
Cobrem o Brasil
Assentadas em Brasília
No avião que caiu
*
Máquina do Tempo
O tempo plantou
Nada parou
O trem partiu
Nada ficou
Um homem chegou
Bebeu e amou
Partiu
Jamais voltou
Um belo cadáver
Poeira virou
Numa urna pequena
Pra Marte viajou
O tempo passou
Nem água nem terra
Só o ar ficou
O tempo mudou
Relativo se transformou
Nada ordenado
Desconcretizado
A máquina continuou
Os homens pararam
Fim trágico
Mas premeditado
*
Ao meu amor
Se nesta noite morrer
Ficarei triste
Por não ter dado a última
Palavra apaixonada
Nem o último beijo de amor
Meu querido, peço desculpas
Por não ter cumprido com o prometido
“De morrer só se você deixar”
Mas vou ser egoísta pela última vez.
Perdão amor, sua Rosa Negra
Teve que partir