Sete poemas de Thais Bueno
Thais Bueno nasceu em Jacareí – SP em março de 1992. Começou a escrever seus primeiros poemas aos 6 anos de idade. Se formou como musicista na FAVCOLESP de São José dos Campos em 2017. Participou de bandas como Histerisma, Os Feirantes e Tempo-Câmara. Escreveu para revistas literárias como Revista Grifo, Tamarina e SerEsta.
Bandalhices é seu primeiro livro de poemas lançado pela Editora Urutau em 2022.
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prefácio
antes de escrever um poema
a inquietude chacoalha
ossos coração dedos
uma espada sendo atravessada
pelo corpo pela cabeça
as ondas agitadas
que são familiares
nem sempre dá pé
esse movimento
vira dança
tem que transbordar
até inundar o papel
*
but you
dos cuidados de um homem
isenta
reforço as armaduras
mas derramo em você
dissoluta
por que me firmas o chão
de calêndulas
*
da autoridade
vestimenta de tresloucado
nada mais é aquele verme
enferrujado
que por insegurança
traz um recalque
nós admiramos
uma ponta de eloquência
mas este se sente encurralado
mesmo sob nenhuma existência
de doesto
paranóico
uma dependência
de armar até os dentes
para esconder
o núcleo de fraqueza
medo de ser
desmontado
até mesmo com a gentileza
*
domingo*
a domingos ruins
e no seu oásis
pausas de semifusas
deito meus olhos em um chá
e já não peço mais por paciência
sabedoria é palavra para se atravessar
*Publicado no livro Bandalhices (Editora Urutau, 2022)
*
eco*
um dia após o outro
aberto com a possibilidade
traz a sombra de uma
sucessão de abandonos
o eco nos cômodos vazios
é a presença que minha voz
cria
nessa doce vida
que me enaltece
pelo esquecimento
fortalece meu
desaparecimento gradual
*Publicado no livro Bandalhices (Editora Urutau, 2022)
*
cobrança
chega arrancando meus cabelos
comportamento abusivo
desmontando meu castelo
quase uma irrupção
quando chega o carteiro
com face de lamento
nenhum cartão postal senhora
neste momento
só as contas se lembram de ti
*
sobre o inverno
cabelo perfumado
imersão das águas
batiza os pecados
e traz uma xícara de café
o inverno chega cedo
mas o sol alaranjado
preserva o aprendizado
de uma fé primaveril
o que sustenta no
frio
o som corre
pelos corredores
há cores na palavras
musicando os fonemas
enquanto seus olhos atentos
nos meus eu formento
e ainda eu te
coloco em um poema