Três poemas de Bruno Pacífico
Bruno Pacífico nasceu em Manaus em 1989. É mestre em filosofia da arte (UFF) e mestrando em literatura (PUC-Rio). Fundou na cidade de Niterói o grupo de poesia Laboriosa, em 2017. Publicou poemas avulsos em revistas especializadas, como a Revista Raimunda, de Ouro Preto, a Arcádia: revista de literatura e crítica literária da IEL/Unicamp, e a revista Manifesto Blecaute, que recebeu o apoio da Casa das Rosas. Publicou a sua dissertação de mestrado, intitulada A superioridade da forma musical diante da poesia em Schopenhauer, pela editora Dialética, em 2020. Ganhou o prêmio amazonense Feliciano Lana de literatura, em 2020, com o livro de contos Desertos do real: quatro peças antidistópicas, publicado pela editora Córrego. Realizou a sua primeira oficina de escrita criativa em 2021, que recebeu o “Prêmio Manaus Zezinho Corrêa” da Manauscult, intitulada Oficina Experimental de Contos. Em 2022, realizou a sua segunda oficina de escrita criativa, tendo recebido o incentivo da Lei Aldir Blanc e o apoio da Prefeitura da cidade de Rio Bonito. Trabalhou como tradutor e editor em um pequeno selo de livros e textos políticos. Atualmente é professor de gramática.
Os poemas abaixo integram o livro Construção Proletária, publicado pela Editora Folheando, que está com chamada aberta para envio de originais para os gêneros de conto, crônica, ensaio, poesia e romance. Os interessados em participar devem enviar os originais para o e-mail original@editorafolheando.com.br até o dia 5 de agosto.
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Exílio sem canção
Eu, amazonense, confesso sem culpa
a desconfiança sobre a nobreza
de minha pobre terra
Lá tem tucumãs
frutas tropicais prestes ao chão
tocadas por invisíveis mãos portuguesas
E pássaros aos montes, que somem
no corpo das matas cortadas
No: nunca tivemos jaçanãs no começo do Brazil
mas o fim do mundo está aqui
Não permita Exu que eu morra no centro
sem os temperos de minha vasta floresta
Onde tem buritis.
*
Aldeia
No distrito 2849 km da Amazônia
Corta o tecido, um rio
Carros navegam sobre o fio tremor do peitoral
Descendente do caos
Pegajoso ruído
Maremoto sanguíneo
Tornado nas veias tipo pico
Nado até o velho lar
Noto a desaparição do éter
E um recado
Traços como rasgos no carvalho
Um espaço
Um vácuo
Grand Canyon de engasgo.
*
Ode à falência
Não há beleza
na destreza das ruínas.
Só é frutífera
a desbastada
pela Odebrecht:
sustenta, sem sementes,
as usinas de pobre – a gente.