Três poemas de Clovis Filho
Clovis Filho. Poeta, escritor de seis livros de forma independente, registrado no Mapa da Palavra da Bahia, um dos criadores do Cortejo e Recital Poético Cantante, coordenador cultural pelo Coletivo Caipora.
Formado em Filosofia pela UESB (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia).
Os poemas abaixo integram o livro Intimidades: Pelo Nu…, publicado pela Editora Folheando, que está com chamada aberta para envio de originais para os gêneros de conto, crônica, ensaio, poesia e romance. Os interessados em participar devem enviar os originais para o e-mail original@editorafolheando.com.br até o dia 5 de agosto.
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Cheiro do cio
Narrei
(num sussurro dissimulado)
a corrida do coração
que balançava em volta ao teu corpo
desenfreado louco eletrificado
pela pele íntima molhada no prazer
por senti-lo a entrar de ponta,
a preencher o refúgio da tua dor gostosa
num adoidado de te comer mulher,
nega:
te montar por traz
segurando a arreio de cabelo,
penetrando na tua boca da vida
o sangue endurecido
pelo cheiro do cio:
que é você,
que você me faz,
que a gente se cruza
no instinto
de amar.
*
Calor salgado
Embrulhou-me
com teu gigante cabelo de coberta
fazendo do próprio corpo
minha cama:deitei de
barriga para baixo
esfregando por todo canto a cara
te cheirando
do pescoço ao umbigo
com beijos dilacerantes
nas almofadas do teu ventre,
salivando do joelho para cima
acariciando as pernas
com a boca
lambendo tua fenda
num te abrir de língua
e no inquieto sem sono
subi pela tuas costas
nos fazendo cansaço de gozo
do calor salgado
de nossa pele
em nudez amante:
a noite dando fantasias
de boa lua.
*
Vontade fervente
Esfregou o gosto limpo
de pele sedosa lânguida
na língua que a ofereci
e mesmo assim
escondeu o botão do prazer
causando cãibras no músculo,
adormecendo pescoço,
deslocando mandíbula:
sabor de cor nova
com pouco cheiro de sexo
uma vontade fervente
e as pernas bambas
de puberdade gritando libertinagem:
o gozo ficou pra depois
quando os olhos entenderem
como se vira
pra auto satisfazer.