Três poemas de Deni Maliska
Deni Maliska. Carioca residente em Porto Alegre, muito além de ser uma escritora é também poetisa. Começou a publicar na internet seus poemas em meados de 2017 e atualmente participa do grupo de sarau Gente de Palavra, Coletivo Movimento em Gravataí-RS e também do maior coletivo de poesia contemporânea do Medium Brasil, que é a Fazia Poesia. Também escreve para outras revistas independentes, como a Subjetiva, de São Paulo.
Além da poesia, também se insere no meio da literatura erótica com poemas eróticos, mini contos e contos.
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Frio por debaixo dos panos
O frio tocante
Isolado em tempos de pandemia
Aterrorizante
Agonias de um coração partido
Fazia-se novelas por ruelas sujas
Sobre o centro da cidade
Tempos da nostalgia do blues
Cigarro que apagou com o chuvisco de um dia frio
Escreviam-se cartas silenciosas
Para um romance platônico
Ideias subversivas imersas pela paixão
Conversas de bares que levam à lugar nenhum
Prazeres secretos que foram ditados pelo efêmero
Falava-se de uma época dos anos 80
Ao qual nunca vivi
Fingia conhecer, apenas desejava saber
Pensava-se que a menina de 21 anos
A que trajava roupas cobertas
Jamais iria longe
Conseguiria pouca coisa, migalhas do pão no seu café
Um grande adeus
Para os tempos quentes
Os céus azuis
Os vinhos tomados
Enterro-me em um caixão de adulto
Última lágrima será ouvindo jazz
*
INCONSEQUÊNCIA
inconsistências
de uma noturna dose do veneno
cuspida pelo fogo de dragões cicatrizados
daqueles tempos de uma puta
bebida escarrada para exus, eguns e faraós
naquelas esquinas dos bares
bamboleios de um bêbado
desventuras de um falido
olheiras que marcam cicatrizes de um boêmio
de um cansado trabalhador
de um lombo que já desconhece o que é “prazer”
be sensual, fucking crazy
por não enxergar além da própria depressão
quando falamos
“psicologia de um vencido”
logo se lembra, que somos todos fudidos
*
Coração Sobrevivente
Foi-se caos
Enterramos os devaneios
Despedimo-nos dos corações partidos
Andávamos igual um mendigo
Vazio, cabreiro
Malomenos, trambiqueiro
Foi culpa do amor maldito
Das mentiras desvairadas
Mas, o tropeço já se deu
Conseguimos lavar as taças que foram tomadas
Com choro, lágrimas
O tempo dito é sobre levantar
Avante!
Eles não conseguem mais machucar
Assistem, amargos
Vitória de um romance sobrevivente