Três poemas de Egas de Souza, curadoria de Pedro Lopes Adão
(O presente Dossier de Poesia consiste numa colaboração entre a Ruído Manifesto e o poeta Pedro Lopes Adão. O excerto que aqui colocamos à disposição dos nossos leitores consiste em inéditos do poeta emergente Egas de Souza)
Egas de Souza (n.2001, Porto, Portugal), é um poeta da nova geração portuguesa que, sem passar pelo prelo, deixa as suas líricas espalhadas pelos espaços académicos da cidade do Porto, onde frequenta o Ensino Superior.
O autor encontrou o seu público pela espontaneidade do romantismo com que vitaliza cada composição, sem nunca, todavia, apregoar os típicos pilares do Romantismo ou do Naturalismo; diz-se “sem regras para o simbólico” [sic], dado que o sentimento respalda nas mãos que agitam a sua caneta. Também não encontra modelos esquemáticos, muito embora pratique a arte de decompor o soneto.
Nevoeiro
Conta-me o Tempo uma história misteriosa,
De Segredos e seguidores implacáveis,
Procuradores de jóia valiosa;
E eu oiço o conto de heróis imparáveis.
Fechei os olhos e continuei a ouvir;
No meio do mistério caminho incessante,
Pois eu sou seguidor implacável. E a rigor
Fica-me a alma em demanda pulsante.
O Tempo termina o seu conto e eu sofro
Porque fiquei sem o meu tesouro…
A sonhar, foi quando, por fim, encontro
Uma flor de cor carmesim, meu precioso tesouro.
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Ser Humano
Cruzo-me com borboletas de cor pura,
Brancas de sentimento e desapegada
De pecados e remorsos vitalícios.
Todas brancas, todas amantes.
Sonho em ser borboleta branca assim.
Foi quando o meu mundo desabou aos Céus.
Apaixono-me por uma borboleta,
Mas não pura nem amada,
Pois ela era púrpura.
Solitária voava pois púrpura era,
Diferente dos restantes casais.
E por ser única é que tomou meu coração.
O seu olhar abraça o meu,
O relógio quebra os ponteiros
Para duas almas poderem-se tocar.
Aqui se deu momento da minha realização:
Amo a borboleta púrpura pois não é branca,
E a minha amada quer-me por ser Humano.
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O que é amar?
Perguntaram-me o que é amar.
Sorri e mostrei bela flor
Que crescia entre rochas
E respondi:
Amar é pintares a flor do teu coração
Numa tela e amares os dois;
Amas o todo
E amas o sentimento pelo todo.
Lição por vida é saber lugar
Onde colocar o amor e o saber amar.
Perguntaram se já amei neste viver.
Apenas fechei os olhos e calei meus lábios.
Não calei de todo, pois em silêncio
Bater de paixão é mais alto;
Eu não me fechei e falei,
Contemplei a flor e sonhei…
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Fátima
Admiração profunda por poesias.
Tenho admirado muitas aqui publicadas.
Sinto que, as poesias não mais falam de amor como antes, algumas nos enriquecem com sentimentos de amor🌹