Três poemas de Ivani de Almeida
Ivani de Almeida – Fênix Poetisa. Nascida aos 08/05/1960. Brasileira, solteira, advogada, filha de caboclo com cearense. Muito já viveu e por isso retrata sentimentos em forma de poemas. Já ganhou um concurso de poemas em Portugal, tem um poema publicado no livro de Karina Dias, (Sem Destino, depois que ela partiu).
Uma das “pioneiras” a escrever poemas LGTB na antiga página do portal Terra, (XIB). Tem como hobby viagens, leitura, papos com amigos, ouvir músicas e embora curta um pouco de tudo, a MPB, com Osvaldo Montenegro, Vander Lee, Bethania, Ana Carolina entre outros, é o que mais ouve. Na verdade é uma pessoa como outra qualquer. Simples, mas orgulhosa de ser quem é e de viver em paz com a vida que escolheu.
Nas redes sociais você a encontra como:
@fenix-poetisa
***
Hoje eu não quero escrever poesia de amor
pois se eu o fizer, seu aspecto será áspero e tenebroso.
Falarei de agonia e morte, ruminando a acidez
de um adeus sem motivos.
Poupo a folha branca e intocável de ser manchada
com tanta amargura que carrego dentro de mim.
Afinal seria tolice vomitar a minha dor
escancarando a angustia que sua ausência deixou.
Fiz parte de sua vida por tão pouco tempo eu sei
e não entendo como pude me entrelaçar na sua vida assim.
Perdi-me dentro de suas entranhas que hoje eu me pergunto
onde é o meu começo e como chegou nosso fim.
Por tua causa despi meus mais antigos segredos
e entoei canções que julguei que seriam eternas.
Porque entrelacei seu corpo com minha alma,
sua vida passou a serem as minhas pernas.
Hoje vejo que foi loucura e insensatez de minha parte
porque sua vida não faz mais parte do meu cotidiano.
Percebi que eu nunca toquei o céu ou caminhei entre estrelas,
porém descobri que ainda te amo.
*
Fênix
O toque de suas mãos, meus cabelos despenteiam.
Seu olhar preso ao meu, confessa mil desejos.
fazendo com que nossos corpos transmitam o calor,
que nossas bocas sufocam em ardentes beijos.
Caricias que são trocadas de forma provocante
que produzem palavras e sussurros ao pé do ouvido.
Acelerando o sangue que percorre as veias.
Arrepiando a pele, resultando em gemido.
Braços que enlaçam o corpo de forma a prender;
Mãos que deslizam sem nenhum receio,
que brincam percorrendo todos os vales e fendas,
que se perdem quando encontram o seio.
Os dedos que se arrastam através das costas
somente para arranhar suavemente.
Marcando o caminho que a língua irá percorrer
levando assim mil fantasias a mente.
E quando os toques se aceleram pelo corpo
a respiração ofegante o apogeu prenuncia.
Deixando que os suores se misturem em profusão
revelando um misto de ternura e alegria.
E neste momento mágico de extrema emoção
tudo ao redor se cala em extrema calma.
Pela beleza de ver dois Seres que por amor,
se fundem ao universo, tornando-se uma só alma.
*
Plantador de sonhos.
Meu Coração na vida já foi plantador de sonhos perdidos.
Jardineiro que com lagrimas de ternura regou ilusões.
Catador de esperanças em formas de afagos demorados.
Vendedor de quimeras, sorrisos e canções.
Meu Coração já foi bravo Guerreiro na guerra da saudade.
Gladiador da tristeza que venceu a vontade de morrer.
Já lutou como Samurai entre espinhos do desespero
e como Fênix solitária aprendeu sempre a renascer.
Meu Coração já foi andarilho e chamado de insano
para aqueles que o conheceram, serviu de riso e zombaria.
Foi tido como demente, ingênuo, romântico e tolo.
Entregava-se de corpo e alma e depois ficava só e sem alegria.
Meu Coração já foi pássaro vadio, sem teto e sem coração
e na ânsia de ser feliz muitas vezes a outro coração se entregou.
E por ter por horas, noites ou dias apenas um pouco de carinho
embriagado pela solidão, que era feliz, ingênuo até acreditou.
Meu Coração já foi dilacerado tantas vezes e sem piedade.
Em outras tantas vezes, se refez pela esperança de ter alegria.
até que um dia já descrente e muito calejado pela dor,
viu-se preso pelos olhos de uma linda e doce fantasia.
E meu coração que pela tristeza havia se endurecido
de guerreiro ferido que era, voltou a ser um plantador de ilusão.
Trocou as armas da solidão e do desespero, por um simples sorriso
abrindo suas asas para o amor, entoou uma nova canção.
Assim meu Coração que estava arredio e desgostoso
hoje canta versos de esperança, alegria e amor.
E faz da minha poesia um hino para a esperança
Igual a Fênix que ressurge das cinzas, enaltecendo a própria dor.