Três poemas de Lucas Henrique Basilio
Lucas Henrique Basilio nasceu em Curitiba/PR, em 1998. É aluno do curso de Letras na Universidade Federal do Paraná (UFPR), e prepara seu livro de estreia, previsto para depois da pandemia.
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O último dos aedos
seria a sério • quem sabe • sereia
que ilude • conquanto a tudo
alude • quanto
encanta • entoando vago canto • sem casos
• como odisseu • despido de citará • a porejar
dos cántaros • canto
decantado de prantos •
despido de
musas
*
Vagando às vagas
vai por toda costa, em despedida
saveiro certeiro deixando apagadas
certas pegadas, a mera desta vida:
chegar à partida / partir na chegada
…
buscar nas horas, em pensamento
a pausa que corre e alegre se guarda
no prisma difuso do esquecimento
onde brilha o segundo e leve se espraia
…
pensando a ida como chamamento
ao novo mirar, quase com nostalgia —
sem temer tormenta, nem o próprio tempo
lançando ao mar o que o vento trazia
*
Menestrel
O que no papel
você de tal modo
sem medo diz
abre uma fenda
no fim e no
fundo de tudo
se acende motriz
força feixe facho
de luz no breu em
que reluz e o
medo reduz no
eu que do seu se
apodera ao entoar
no caos da fala
ressoando no ar
das consciências
como um halo
pairando já sem
voz desaguando
em qualquer foz
atroz mesmo
quando calo.