Três poemas de Mayk Oliveira
“Mayk Oliveira (1982). Nascido em Gouveia-AL, pseudônimo de Antônio Oitibó. Membro do movimento artístico Arborosa no alto sertão alagoano. No underground literário, sou professor tanto de História quanto de Letras, formado e especialista em ambas as ciências. Dou umas cacetadas na língua portuguesa, lendo e escrevendo, e quando posso, vejo o Flamengo e o Brasil jogando. Neste percurso, também faço o mesmo serviço do Lineu da Grande Família.. Escrevi três livros de poemas: Livro dos Delírios (Parresia,2020), Pétrino Astéri (Parresia, 2021) e Alcatrão Com Grilos (2022), um romance (a publicar) e um livro de contos Molhados Enxutos (2021), mas a produção escrita vem desde 2000. Enfim sou aqui um ser na caminhada da evolução do Para Onde. Ambientalista de espírito”.
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rasgo
no rasgo da noite chamo-te
e vagaroso afasto-me da orla
cuja palavra vencida no verão
desafaz a distância d´alma
pelo sibilo do vento calmo
adormecem as quimeras
aumentando a crua e longilínea
sombra das constelações
será manhã na trevas desertas
abismos incandescentes
aceso nos dentes
tempo de açoite promete
um instante lirismo
de saldos em versos
na margem do peito
sangrando o heroísmo do
teu triador
*
livro
ao trazer para casa restos de frestas
ilumino a difusa paragem do labor
tomo o café na berma da estrada
desfilo lembranças no cerebelo
no vaguear do fogo
corredor da folia
em data modesta
sonhos ardiam
demora-se aqui, aos quarenta
os trintas ignoram o rosto
assomo olhos raros
afago a pedra serena
pedra que sangra da carne
levando o humano à vida
a morte palavra tremenda
que pausa a inspiração vivida
*
musa
nalgum lugar que
nunca estive sóbrio,
— arde
a solidão.
noutro rodopiam as
folhas da rés poesia
temperada;
com alcatrão…
oh! limão miúdo!
evoé!