Treze versinhos úmidos – Por Isabella Ingra
Na coluna Todos os sentidos estão abertos para a poesia, Isabella Ingra aguça nossas línguas com sua seleção de poemas eróticos e inéditos. Poemas que prometem desobstruir os espaços entre poesia e paixão, entre crônicas e sonhos, entre ternura e brutalidade.
Isabella Ingra, nascida em Brasília (1993), é poeta, atriz e professora de literatura, mora atualmente em Macaé-RJ e escreve diariamente sobre os atravessamentos da vida. Se lança agora na poesia erótica e performática.
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Treze versinhos úmidos
na esquina florida
uma calmaria agita
suas mãos passam pelo meu zíper
*
rebusco cenas agora
no primeiro ato você diz:
fica de quatro, deixa eu te ver.
*
isso aqui não acaba
depois de tudo ainda
percorre suas mãos em mim?
*
assumir o desejo
não tentar resumo de nada
só a coragem de assumir
*
ladra de mulher
se eu me deixo
você fácil me leva
*
me olha como quem me conhece
na verdade não me olha
me reconhece
*
meu líquido grosso
agora nas suas mãos
agora na sua boca
*
talvez um cometa
o desejo
agora é borboleta
amanhã é vento sem lado
*
me atiro em você
você faz que não vê
penso sempre em –
e se eu me ajoelhar?
*
nervos inchados
horário cúmplice
foi tão bom que eu quis fugir
*
por que você fala tão perto?
por que você olha tão certo?
desvio o olhar com medo de
*
quero preservar o não te ter
você atravessa a rua
me imagino atravessada por você
*
se você me pedir
eu me abro
se você me manda abrir
abro também
josemar barboza
Fiquei sem fôlego. esse poema passa tanta realidade que quase é palpável. parabéns poeta.