Um poema de André Siqueira
“Me chamo André Siqueira. Sou poeta e moro em Jacareí, interior de São Paulo. Publiquei em 2020 meu primeiro livro de poesia por uma editora, intitulado As Manhãs Fechadas (editora Gataria). Sou estudante de Letras. Tenho poemas publicados nas revistas Gueto, Mallarmargens, Ruído Manifesto, Subversa, entre outras. Atualmente colaboro na revista de literatura Pixé.”
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NOITE RETESADA
Lixo a noite retesada
para não sentir depressa
a morte aguada debaixo
dos pés voláteis do acaso.
Lixo a voz desesperada,
charra partida no vórtice,
atravessando a tristura
dos confetes da saudade.
Para nadar um pedaço
de pão que alimente mais,
venero o fugaz sorriso
que colide na refrega.
A morte concreta acima
dos ventos e fogo-fátuo
calcando sóis da beleza
contida no fel das dobras,
dos minutos, nós do acaso.
Dobradura da barriga
montanhosa no horizonte
que atiça timbres. Cavernas
despidas na luz da bruma:
começo e fim. Na metade,
(no meio da terra fico)
entre trovões e solares,
alargo o respiro lastro
sobre a noite retesada.
Aljava e flecha. Nos arcos
uma pressa de viver.