Um poema de Lorraine Ramos Assis
Publicada em 12 revistas digitais, tais quais Vício Velho, Mallarmargens, Torquato, RelevO e Acrobata, Lorraine Ramos Assis, 25, é uma artesã do caos. É estudante de Sociologia, na UFF. Integrou a antologia Ruínas, da editora Patuá, e a antologia Literaturabr. Concedeu duas entrevistas no canal “como eu escrevo”.
***
Alba
há pouco me apercebi de que garça-branca e
jacaré
nos banhados ou nas dobradiças dos demais pontos fluviais
tornam-se existências de pequeno
e médio porte
em casa agora formada por tempo
o acentuado aroma
peixes encerrados pela pressa dos dias
redunda
de um lado
clamores da autopiedade chamativa
subterrâneo suspeito cavado por tempo não mais
oculto
de outro
o problema a que aflige o abotoado jacaré
duas camisetas em um
só
corpo
atiçado por minhas plumas, feixes delgados e retos
destaca-se devida indiferença
o corte da resposta global
retirando linguagem
de garganta tossida por
crustáceos estragados
o teto gasto é como borda de lago em princípio deteriorado
eu olho para ele como a contar pontinhas no céu
mas restando apenas
escuridão
e se a casa exprimia barulho
sibilar das chaleiras
pedintes emocionais
agora eu me encontrava sozinha
flertar com o perigo
igual garça com jacaré ou crocodilo
é igual viajar e nada trazer de viagem