Um poema de Marina Moura
Marina Moura é poeta em tempo integral, editora, redatora, escritora e jornalista. Gosta de percorrer o olhar pelos cenários da vida e descrever poeticamente aquilo que brilhar mais alto. Lançou os livros A incrível capacidade de perder você: poemas de luto amoroso (2021), Poesia Gay Brasileira (2017) e Eternidade — A construção social do banimento do amianto no Brasil (2019) pela Amarelo Grão, editora que também conduz. Atualmente, está divulgando seu trabalho de edição mais recente, o livro Cultos do Pai Otávio: palavras de um Preto Velho para despertar a fé, o amor e a caridade (2022).
O poema abaixo faz parte de um novo conjunto que já começa a despontar no horizonte de, quiçá, um novo livro.
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Quem sou eu senão lastro de artifício amoroso
Se eu soubesse rezar diferente juro
Que alcançaria mais cedo os ouvidos de Deus
Mas eu não quis ser feita simples e então inventei caminhos difíceis
Para chegar a conclusões tardias sobre a pureza da vida
Não consegui lustrar os sapatos antes de entrar nos salões mais nobres
Entrei de qualquer jeito, esbarrando nas taças finas,
Rompendo barreiras sociais, porcelanas e cristais
Sonhei em tocar harpa com a nudez do meu corpo
Mas as fadas chegaram muito antes e desfiaram as cordas
Dos instrumentos como se resolvessem batalhas com os dedos
Sem ressentimentos, eu sou muito boa em tantas outras coisas
Sei ler os pensamentos das nuvens e tenho o poder abstrato
De entrar nos objetos para adivinhar os seus humores
E, talvez a maior das proezas, que me deixa deveras orgulhosa:
Tenho o grande poder de amar debaixo de cicatrizes de guerra
Não falo de cruzadas, nem de outras espadas
Somente da lâmina do amor que atravessa e afaga
A falsa dureza de minha pele e eu sobrevivo sempre
Esse, sim, é o meu verdadeiro dom.
Cleildes Marques de Santana
que Poema lindo !
espero o livro ! na torcida!
Ana Cecília Acioli Lima
Como faço pra divulgar um poema meu?
Att.,
Ana cecília Acioli