Um poema de Raul K. Souza
Raul K. Souza é natural de Curitiba, com formação em Licenciatura em Filosofia (2013) pela Pontifícia Universidade Católitica do Paraná – PUCPR. Durante a graduação participou do PIBIC com a pesquisa Hans Jonas: a técnica moderna como um problema ético (2013). Concluiu o curso de graduação com a pesquisa A Angústia como uma das expressões humanas para Soren Kierkegaard. Ingressou no curso de Pós-graduação de Filosofia e Direitos Humanos também na PUCPR.
Atuou como Editor assistente de 2018 até 2019 na Kotter Editorial e como Editor Executivo de 2019 até 2021. Editou e publicou de forma independente o Zine Astronautas pedem uma pizza e dois pathos com gelo (2017), produzido junto de Francieli Cunico e de Antonio Lopes. Lançou seu primeiro livro Ligações que rasgam em 2021 (Kotter Editorial). Participa das antologias: Sarau Brasil 2021 – Seleção Poesia Brasileira (Vivara Editorial Nacional); Antologia Poética LiteraturaBr (2021); e 1001 Poetas (Casa Brasileira de Livros, 2022).
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Quando a discoteca pra dois acabou
Nem todos pensaram o que aconteceria
Com os móveis.
Este universo estará de mudança amanhã
Vai para a rua 13 embaixo
Da rua do Antônio.
Levamos algumas caixas no início da semana
Desta vez terá menos espaço
Serão menos estrelas no teto
o sistema de som perdeu alguns planetas no ano passado
E este ano, nossa sonda capitou sons próximos de esferas líquidas
Matérias em estado de morte e putrefação.
Este pouco pedaço de casa
noturna orbitará sozinha por aí
Daremos um fim justo:
Decidiremos com quem ficará o cachorro
Que costumava deitar no pé da porta de dia.
Quem vai levar o par de pelúcias (a rose a rose-angela)
Levarei esse pedaço de árvore no prato
de outra casa que acabei roubando,
mas foi por instinto e sobrevivência.
É por sobrevivência que outra lua será o chapéu prateado
do meu novo telhado
É por sobrevivência que outro globo de luz
será o abajur das canções que dançamos na cozinha.
Amanhã vou levar a mesa
Você pode ficar com uma cadeira.
Na verdade, pode levar duas
mais alguém vai esperar em pé
na porta da nova rua de nome impronunciável.
Amanhã vou levar a jaqueta amarela
aquela em cima da cama
na cozinha das bahias.
Amanhã vou levar a pedra enorme
aquela que subia todo dia ao fumódromo,
mas que insistia em descer o mais rápido
nos primeiros acordes dos ovos e meus pés no 501.
Amanhã vou deixar uma ponta da ligação
do laço turístico no país dos pedidos para ficar.
Amanhã teu peito estará disponível no matinê das 18h
e o meu, próximo das 22h35