Um texto de Rosana Banharoli
Rosana Banharoli, jornalista por formação, poeta por teimosia, artivista cultural. Autora de Espasmos na Rotina, poesia, Patuá – 2017; 3h30 ou quase isso, verso&prosa, e-book, Amazon – 2013 e Ventos de Chuva, poesia, Scortecci – 2011. Publicada em mais de 40 antologias com poesias e contos e em sites e revistas nacionais e internacionais. Integrante do Projeto Multimidia, Poemaria e dos Coletivos Sarau da Paulista e Senhoras Obscenas. Coidealizadora e curadora dos projetos: Fliparanapiacaba 2014; Empório Cultural e Leva&Traz 2015 e Vozes da Globalização: Identidade e Gênero 2010 aplicados em Santo André – SP. Tem poesias musicadas pelo músicos Adolar Marin, Edu Guerra e Tata Alves. Também no documentário premiado Enquanto Falam-me os Agudos. Homenageada pelo Sarau Gente de Palavra na Casa das Rosas e no Patuscada, SP. Trabalha como revisora, redatora, copidesque, palestrante e agente literocultural.
O texto abaixo é do livro 3h30 ou quase isso.
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“Gosto dos cactos, eles compreendem meu descuido e eu compreendo os seus espinhos cutucando a minha dor.”
(Márcia Barbieri, “Do meu corpo comerás” em As mãos mirradas de Deus)
Morreria com o sabor do doce na boca, não fosse o café amargo consumido em exaustão.
Punição! do prazer e porta de convite às noites onde os fantasmas me devoram.
Onde não revido. Minha boca carregada de amarguras é oca de coragens. Não posso
mordê-los e, assim, exterminá-los.
Meus fantasmas vivem em zona de autonomia tendo como companhia uma poesia de
passados.
Um pássaro talvez traga semente do girassol de Van Gogh. E, enquanto espero em mais
outra noite de cigarros medos e cafés converso com os cactos do espelho.