Uma prosa poética de Rita Manzano
Rita Manzano. “Mulher apaixonada pela vida e movida pelas Luas. Mãe das gêmeas mais incríveis que a Terra já pôde receber. Feliz e realizada com tudo que faço: professora, terapeuta e escritora. Especialista em leitura e escrita, sou facilitadora em formação docente, mentora em Oficinas de Escrita Criativa e pesquisadora sobre o processo catártico da escrita na área clínica. Já colaborei em Coletâneas e Antologias com escritores do Brasil e do Exterior, e em revistas literárias brasileiras. Integro o Coletivo Escreviventes. Quanto à escRITA, metade dela sou eu. Meus textos nascem para entrelaçar mensagens que (re)vestem vidas.”
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REbulição
Vejo caminhos. Muitos caminhos. Mas preciso escolher um. Um caminho que contemple pelo menos mais da metade do que Eu mereço, do que Eu quero. Escolher sempre foi muito complicado para qualquer pessoa. Para mim, não é diferente.
Escolho e sigo. Sigo por vezes acompanhada, por vezes sozinha, por vezes SO-MEN-TE no sentido mais amplo da palavra: somente o meu Eu acredita que aquele caminho é o melhor.
Só e mente. Mente e … só.
SOLaMENTE: ilumina, clareia as ideias e o olhar. E me mostra que – já no meio do caminho – é necessário dar alguns passos para trás. Retroceder é sempre tão complicado. REfazer também o é. RE… Esse RE que acompanha algumas palavras me desanima. Mas me REfaz também. REfaz os caminhos por hora estranhos; porém, passados alguns passos, entendo que foi o melhor jeito de REcomeçar.
Sempre [SEM-PRE] num primeiro momento, o balde de água gelada tira-me o Eu. É como se a minha alma saísse do meu corpo, deixando-me sozinha; matando-me por alguns minutos. A cabeça vazia; pensamentos flutuando no nada; corpo adormecido.
Os olhos já não veem, a pele já não sente, os ouvidos já não escutam, a boca já não saboreia, o nariz já não sente o aroma …O coração parado.
Sabe quando temos aquele orgasmo que nos tira de nós?! Que nos mata por segundos, minutos?? Então, é assim: um tirar de vida que REvida.
O corpo lá, estranho. A alma ali, só e a observar. A confusão se estabelece e me joga em e no ca(c)os.
No ar, silêncio absurdo. Na terra, um REencontro é necessário: o meu Eu-alma precisa do meu Eu-corpo. A alma recorre aos mistérios da vida, e o corpo à força das entranhas.
Visceralmente, Eu volto. A primeira visão é da folha caindo, e que ainda não chegou ao chão. Escuto o … tac, do relógio. Na pele, o vento ainda se faz presente. A boca traz um leve amargo de desespero seguntâneo. As gotas da chuva tocam a terra e REconheço que são novos tempos.
Não. As gotas não são de chuva. São minhas lágrimas. Elas sempre aparecem quando lavam a minha alma, o meu ser, deixando-me pronta, forte para REcomeçar com os passos. Passos que serão menos acelerados, menos incertos, menos aflitos.
Pareceu tempo demais tudo o que aconteceu, mas… não foi. Foi o tempo suficiente para o meu Eu entender que tudo parou por segundos para buscar ar novo, vida nova, objetivos novos.
– Nossa, a água para o café já ferveu.
V. S.
Como faço para ter minhas poesias publicadas por aqui?