Um ensaio de Maria Elizabete Nascimento de Oliveira e Polyana Sampaio da Silva Scrimim
Maria Elizabete Nascimento é doutora em Estudos Literários/UNEMAT-Universidade do Estado de Mato Grosso – Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários/PPGEL, Campus de Tangará da Serra, Mato Grosso/Brasil.
Polyana Sampaio da Silva Scrimim é doutoranda em Estudos Literários/UNEMAT – PPGEL – Campus de Tangará da Serra, com orientação da professora doutora Walnice Vilalva.
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A CONFIGURAÇÃO ESTÉTICA DA LOUCURA NA OBRA INSÂNIA, DE LUCIENE CARVALHO
Luciene Josefa Carvalho é corumbaense, porém vive em Cuiabá no Estado de Mato Grosso/BRASIL desde 1974, tendo já recebido o título de cidadã cuiabana. É membro da Academia Mato-Grossense de Letras e expoente da cultura e da arte em Mato Grosso: “[…] meu corpo é um choque/de tanta ternura./ Sou loucura e arte,/fonte e correnteza” (CARVALHO, 2009, p. 99). Estes traços estão presentes na obra da autora diagnosticada com transtorno afetivo bipolar de humor.
No livro Insânia (2009), Luciene Carvalho apresenta uma percepção estilizada, altamente simbólica das diversas experiências vividas como paciente de um hospital psiquiátrico. Os textos são quase todos, escritos em primeira pessoa e, portanto, constituem uma coletânea de monólogos fundidos com/no mundo do eu poemático: “[…] estou aqui e aqui fico,/ Não é um lugar bonito,/Mas é lugar que me cabe” (CARVALHO, 2009, p. 66). É como se apenas no porão da sociedade pudesse sentir-se em casa, dada exclusão social que sofrem àqueles que não atendem aos padrões preestabelecidos. Em uma linha tênue entre realidade e ficção, a autora oferece representações transfiguradas pela fantasia, pela linguagem poética e pela sua criação ancorada, ancoradas no cuidado e no respeito consigo mesma e com o outro:
[…] Tomei o cuidado de só mexer nos poemas que escrevi durante as internações, após construir uma carreira literária merecedora de algum respeito. Creio que quero fazer as pazes com tudo que vivi, e isso inclui falar sobre loucura com dignidade (CARVALHO, 2009, p. 31).
Os labirintos de sua produção começam a ser delineados já na dedicatória: “A todos que, anônimos, por trás do termo louco, levam a vida em uma outra esfera. Não definem leis, não corrompem, têm poucas escolhas. Porém, são donos de lirismo, ludicidade e sonhos” (CARVALHO, 2009, p. 7). Esta descrição nos reporta a abordagem do livro: A invenção do cotidiano, de Michel de Certeau (2003), quando enfatiza as estratégias do homem ordinário para driblar a realidade e/ou o contexto marginal em que se encontra, narrando a vida cotidiana e a subversão das pessoas às regras estabelecidas socialmente, as quais não contemplam o ser humano comum, obrigando-o a criar táticas para subverter os rituais e as representações que as instituições impõem como regime de verdade, pois:
[…] urge que a sociedade, tão avançada tecnologicamente, tão consciente com relação à preservação das espécies vegetais e animais, tão defensora da diversidade cultural, apresente uma abordagem mais solidária quando a questão for a loucura ou o louco. Urge que se vá além da piedade, da segregação, da indiferença (CARVALHO, 2009, p.31).
A autora desmistifica aspectos sobre/do submundo onde são “depositadas” as pessoas que não conseguindo lidar com seus excessos são, frequentemente, expostas à crueldade dos ambientes de “recuperação”. A loucura é assim definida por Luciene: “[…] forma genérica, superficial, atribui-se à loucura uma significação única, monocromática, como se fosse a designação de todo aquele indivíduo que não é normal. Ponto. Rotula. Medica. Interna. E esquece…” (CARVALHO, 2009, p.116). Carvalho destaca a injustiça imposta às pessoas diagnosticadas como loucas, que não são tratadas de acordo com o grau de suas enfermidades e que, ao contrário, são uniformizadas, dopadas e esquecidas dentro dos hospitais psiquiátricos.
A literatura é, portanto, a forma que a autora encontrou para viver seus excessos, ser outras, já que apenas uma não daria conta de suportar todos os sentimentos, angústias, dores e encantos do seu mundo particular. Torna-se, portanto, necessário deixar-se habitar por outra capaz de acolher todas as outras e, outros elementos presentes em seu corpo: “[…] como um acaso bipolar da natureza/Sim e Não/ Vida e Nada/O horror e a Beleza/Uma quer!/A outra espera/Uma é santa;/a outra vira fera/Uma é chão outra é quimera” (CARVALHO, 2009, p. 2).
Outro exemplo de artista que buscou saída do estado psíquico pela/na arte foi o holandês Vincent Van Gogh (1853 – 1890) que, também diagnosticado com transtorno bipolar, buscou extravasar a loucura por meio da pintura, às vezes em demasiado excesso, como é, por exemplo, o fato de ter pintado seu autorretrato sem a própria orelha para denotar que orelhas cortadas não captam os sons, assim como girassóis cortados não captam os raios solares[1]. Portanto, um tipo de linguagem que usava para, também, expor seus excessos, a tela era o depósito de suas emoções, ou a representação dos outros eus que o habitavam.
[…] o artista plástico, Van Gogh, era fascinado pela natureza e pela beleza genuína que plasmam nas coisas simples e concretas. Se atentarmos à criação de Luciene perceberemos que são, também, construções poéticas realizadas por elementos do cotidiano, que se presentificam, quer seja em sua vida cotidiana e psíquica, quer seja no movimento da natureza. […] Portanto, enquanto Van Gogh extravasava suas emoções e sentimentos por meio da pintura, Luciene o faz por meio das palavras (OLIVEIRA; OLIVEIRA, In: Nódoa no Brim, 2019).
A linguagem apresentada por Carvalho, já na dedicatória, é recheada de uma poeticidade que instiga à reflexão: quem são os anônimos, donos do lirismo, da ludicidade e dos sonhos? Ao defini-los, a autora pondera que não são todos os seres capazes de compreender o mistério e a poética existente no jogo da linguagem que adota. Mais que isto, nos leva a pensar no que se define como subversão, loucura e/ou crime. Talvez a resposta encontra-se na voz dos Maria Teresa Carrión Carracedo; Ivens Cuiabano Scaff e Eduardo Ferreira, que abrem a apresentação da obra de Luciene, com as seguintes indagações: Que livro é este? Quem é essa mulher? Ou ainda, com um pequeno texto, também na parte introdutória que discorre sobre a Lucidez da autora. Mas, acreditamos que estes delírios interpretativos sejam provocações que se constituem apenas como suposições de uma identidade híbrida e livre, a resposta não está com eles, da mesma forma, também não estará conosco. Afinal, disse o poeta Miguel Torga[2]: “Só é tua a loucura/Onde, com lucidez, te reconheças…”.
O livro Insânia está subdividido em sete partes que se intitulam: ingresso para Insânia; cartas à Dra. Renée e aos meus amores; diário de uma internação; além das internações; poemas reeditados; cartas-resposta de Dra. Renée e posfácio. É, no mínimo, curiosa a estrutura da obra, que composta por gêneros discursivos diferentes se amalgamam na construção identitária de uma louca. Esta apresenta uma lucidez invejável ao apontar as assimetrias de uma sociedade feita para atender aos normais que, teoricamente, não precisam de atendimentos especializados, mas que nem por isso deixam de carregar um manicômio dentro de si.
A primeira parte apresenta dois textos: Ingresso p’ra Insânia e Nós. Dois poemas em que o eu poemático narra os sentimentos diante da vida e destaca que é um ato de coragem discorrer sobre o submundo que envolve a loucura. No primeiro com a marca da oralidade convida o leitor para dentro da obra: “Caro leitor/Me armo de coragem/ Pr’a convidá-lo para um passo além…” (CARVALHO, 2009, p. 25). Clama por aquele leitor a quem dedica o livro, capaz de pular o cerco, de ir além dos dois mundos, real ou ficcional; que compreenda outro, poético, recheado de lirismos e insanidades. Construção esta que não fixa em nenhum real objetivo, mas que também não ecoa apenas da ficção porque discorre a partir da subjetividade. Assim, fornece substrato para que se perceba: “[…] o quanto é vã e pouca/ a diferença que separa iguais” (CARVALHO, 2009, p. 25-26).
O poema introdutório surge como se preparasse o leitor para o conteúdo posterior da obra, o termo ingresso legitima a afirmativa e denota que o que virá é um espetáculo criado no próprio palco por quem vivenciou as histórias, um lugar de denúncias, ressentimentos, fúria, desejos; mas, sobretudo, de poesia e de libertação.
Insânia nos é apresentada como uma obra desenhada por fatos passados, vividos em um período específico e que, aparentemente, ficará apenas como memória escrita. Neste ingressar da obra, após os questionamentos das páginas iniciais, passamos a nos perguntar, ou até mesmo duvidar, se os relatos expostos em gêneros diferenciados fazem mesmo parte do passado, ou se ainda estamos diante de uma narradora/eu poemático insano: “Estive louca/ – nem sei se é passado –” (CARVALHO, 2009, p. 25). Essa construção inspira o leitor à dúvida e o coloca mais atento aos acontecimentos que serão expostos na narrativa.
O eu poemático, mais que um convite, oferta e prepara o leitor para ir “Além dos versos,/ além da leitura” (CARVALHO, 2009, p. 25), e talvez a racionalidade não contribua muito para a apreciação desse tipo de escrita, uma vez que ir além dos fatos exige uma porção de descrença ou crença exacerbada ao muito que é posto, ou quem sabe ainda, provoca o leitor a fazer uso de um pouco da porção de loucura que cada um carrega em si.
Temos então no primeiro poema o teste para saber se somos dignos e/ou se estamos preparados para adentrar a leitura da obra, uma vez que a guia é uma narradora/eu poemático que não compartilha das mesmas faculdades mentais que julgamos ter, já que prezamos tanto por lucidez e razão:
Assim, o leitor contempla e ao mesmo tempo vive as possibilidades humanas que a sua vida pessoal dificilmente lhe permite viver e contemplar, visto o desenvolvimento individual se caracterizar pela crescente redução de possibilidades. De resto, quem realmente vivesse esses momentos extremos, não poderia contemplá-los por estar demasiado envolvido neles. […] É precisamente a ficção que possibilita viver e contemplar tais possibilidades, graças ao modo de ser irreal de suas camadas profundas, graças aos quase-juízos que fingem referir-se a realidades sem realmente se referirem a seres reais; e graças ao modo de aparecer concreto e quase-sensível deste mundo imaginário nas camadas exteriores (ROSENFELD, 2014, p. 46).
Somos convidados por Insânia a viver e contemplar cartas e diários, gêneros populares com prováveis cargas de veracidade, mas também, poemas, textos marcados pela imagem volúvel que pode mostrar muito, ou simplesmente não dizer nada, tudo dependendo do quão aberto estamos para a compreensão de nós mesmos dentro de um universo marcado por contradições e conflitos. Os gêneros discursivos deslancham na obra como formas de expressões diferenciadas regadas por gotas generosas de loucura, loucura essa que diz muito mais que um relato com forma fixa e/ou parágrafos ordenados, que tanto diferem da liberdade do verso e/ou da carta. Para seguir o roteiro inverso e lírico de Luciene, é preciso livrar-se dos rótulos e se deixar conduzir por uma desconhecida, louca e liberta, presente propiciado pelo universo da ficção.
O segundo poema funciona como um protesto e se liga à dúvida posta no poema anterior, para que o leitor entre sem pré-julgar, destacando o seu desconhecimento sobre os aspectos particulares do eu poemático: “Vocês não sabem/nada da minha tristeza e busca/é mais fácil acreditar:/ não passa de uma louca/de uma bruxa” (CARVALHO, 2009, p. 27), para que enxergue a dualidade presente no ser humano: “[…] uma quer! A outra espera/ uma é santa; a outra é fera/Uma é chão; a outra é quimera./Uma planta lágrimas no sonho/a outra lê pro mundo os versos que componho” (CARVALHO, 2009, p. 27). Impossível não se lembrar da música do Chico Buarque “umas e outras”[3] que, também, expõe o duplo existente na figura feminina. Há a ânsia por fazer o outro saber, mas há também clareza de que pouco ou nada saberá, pois cada um vive imerso na própria experiência e, portanto, incapaz de compreender o outro na sua completude.
O poema demonstra tudo o que a obra possa informar e que nada poderá descrever de modo satisfatório toda a imensidão que o corpo carrega com o rótulo de louca. A obra partilha ideias, sentimentos, constatações, mas jamais exibirá de fato todas as faces dos poemas e narrativas publicadas porque cada um as lerá do seu próprio palco, com suas doses de insanidade, portanto, a leitura nunca estará completa. Os versos, assim, reforçam a linha tênue realidade/ficção que permeia todo o texto e dá ainda mais peso para a análise do leitor. Como diria Schøllhammer 2009:
A literatura que hoje trata dos problemas sociais não exclui a dimensão pessoal e íntima, privilegiando apenas a realidade exterior; o escritor que opta por ressaltar a experiência subjetiva não ignora a turbulência do contexto social e histórico (SCHØLLHAMMER, 2009, p. 15).
Lua Adversa
Tenho fases, como a lua.
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua…
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
Seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua…)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua…
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu…
Assim como em Luciene, Cecília compara as fases da lua às fases vivenciadas ao longo da vida, bem como aos desencontros causados pelos descompassos e ritmos da existência que diferem do calendário convencional. Assim, diríamos que, tanto uma, quanto a outra, poetizam fases descontínuas inventadas para seus usos particulares, um calendário diferenciado de quem sabe que a vida tem nuances, muitas vezes, coloridas pelos desencontros, pelas angústias e solidões. De acordo com Chevalier e Gheerbrant (2015, p. 559):
O inspirado, o poeta, o iniciado parecem loucos muitas vezes, por algum aspecto do seu comportamento, que escapa às normas habituais. Nada parece mais louco do que a sabedoria para aquele que não conhece outra regra que o bom-senso.
Acrescentando ainda que: “[…] o louco está fora dos limites da razão, fora das normas da sociedade”. E que: “[…] por detrás da palavra loucura se esconde a palavra transcendência” (CHEVALIER; GHEERBRANT, 2015, p. 559-560). Por isso: “[…] segundo a simbologia dos números, quer dizer o limite da palavra, o lado de lá da soma que não é outra coisa senão o vazio”, porém, este nada é tudo o que fica quando tudo o mais é esquecido. Portanto, “o louco não é o nada, mas o vácuo”, e “se ele é o vazio, é ele que separa o ciclo completo do ciclo que vai começar” (Ibidem, 2015).
Ao refletirmos sobre as proposições dos autores, compreendemos que tais simbologias movimentam-se na produção de Luciene Carvalho (2009), especialmente se considerarmos as fases da lua presentes em sua produção, as quais agem como marcadores em sua evolução existencial. Nesta ótica, Chevalier e Gheerbrant, também ressaltam que a lua pode atravessar fases diferentes, tal qual o poema de Cecília Meireles, bem como, apresentam a mudança de forma, com inúmeras definições a este elemento da natureza que, para nós, coincidem com as percepções do eu poemático apresentado por Luciene Carvalho, pois a lua:
[…] simboliza a dependência e o princípio feminino (salvo exceção), assim como a periodicidade e a renovação. Nessa dupla qualificação, ela é símbolo de transformação e de crescimento (crescente* da Lua). A lua é um símbolo dos ritmos biológicos: Astro que cresce, decresce e desaparece, cuja vida depende da lei universal do vir-a-ser, do nascimento e da morte… a lua conhece uma história patética, semelhante à do homem… mas sua morte nunca é definitiva. [..] A Lua é um símbolo do conhecimento indireto, discursivo, progressivo, frio a Lua, astro das noites, evoca metaforicamente a beleza e também a luz na imensidade tenebrosa. […] A Lua é também o símbolo do sonho e do inconsciente, bem como dos valores noturnos (CHEVALIER; GHEERBRANT, 2015, p. 561-565).
Os autores apresentam ainda a simbologia da Lua Negra e que é, também, apresentada por Luciene no final do poema Ingresso p’ra Insânia, destacando que:
A Lua Negra, é associada a Lilit, a primeira mulher de Adão, cujo sexo se abria no cérebro, está ligada essencialmente às noções do intangível, do inacessível, da presença desmedida da ausência (e o inverso), da hiperlucidez dolorosa, de tão intensa. Mais que um centro de repulsão oculto, a Lua Negra encarna a solidão vertiginosa, o Vazio absoluto, que não é senão o Cheio por densidade. […] A Lua Negra é o aspecto nefasto da Lua: símbolo do aniquilamento, das paixões tenebrosas e maléficas, das energias hostis a vencer, do carma*, do vazio absoluto, do buraco negro com seu poder assustador de atrair e absorver (CHEVALIER; GHEERBRANT, 2015, p. 561-565).
Se considerarmos que após um tempo nebuloso, é chegado o momento da luz e/ou como ainda destacam os autores, que “a Luz é relacionada com a obscuridade para simbolizar os valores complementares ou alternantes de uma evolução” (Ibidem, 2015). Ou ainda que: “uma época sombria é seguida, em todos os planos cósmicos, de uma época luminosa, pura, regenerada”, visualizaremos como estas simbologias movimentam-se em Carvalho. Como exemplo, citamos o neologismo criado por ela para intitular o poema Loucuz, (2009, p.71), trata-se de uma composição oriunda das palavras loucura e luz, que implicitamente apresenta a tríade loucura-Luz-Poesia no corpo do poema.
Corri da loucura
Fugi da loucura
E hoje sua hospedeira
Ela minha companheira
Das amigas a primeira.
Veio, fica, é bem-vinda
Minha loucura é linda
Minha loucura é luz.
E assim, Carvalho (2009, p. 101) poetiza: “[…] Minha loucura e minha lucidez/Habitam juntas,/[…]Vou seguindo inteira, no seguir dos dias,/Plena de loucura e poesia”. A poesia surge como um portal capaz de tirar o eu poemático da escuridão e/ou de mudar a obscuridade das coisas: “[…] na noite, as vozes interiores que me habitam/Celebram sua liberdade/[…] Na noite que vai se entregando à madrugada,/Viajamos eu e a lua” (Ibidem, 2009). A escuridão e claridade vão guiando o eu poemático à descoberta de si. “[…] O crepúsculo reacenderá o céu/E preparei o quarto e a bandeja de chá,/Já certa da pontualidade das visitas” (CARVALHO, 2009, p. 91). À poesia é, portanto, ofertado um terreno já preparado, fértil à visita. É como se o eu poemático estive preparado para o devir, em conexão cósmica com aquilo que o atravessa, mas que também o completa.
Embora as cartas sejam o gênero discursivo central da obra, não podemos ignorar a demarcação do campo em que a autora navega, o mar infindável de poesia e do misticismo, recheados de vícios e de eternidades. “Sou poesia e misticismo,/Verso e fé./Sou dessas criaturas/Sustentadas por reza e inspiração/Papel e altar” (CARVALHO, 2009, p. 104). Com esta preparação, entramos nas cartas, gênero discursivo tão esquecido na contemporaneidade e ressignificado em Insânia, primeiro porque se trata de uma época em que as mensagens virtuais estão em voga e, segundo porque são quatro cartas que não esperam as respostas para a escrita subsequente, uma maneira ímpar de falar da própria loucura, narrando o percurso de uma reflexão da existência.
A não espera imediata pelas respostas das cartas pode sugerir ao leitor que ele mesmo satisfaça à narradora e reflita com ela as questões expostas, sem uma resposta apresentada após cada um dos escritos e/ou das cartas enviadas. É como se o interlocutor devesse se portar mais que como leitor, como aquele que está com a obra nas mãos, mas pudesse sentir e viver o texto, do seu lugar; visto que uma carta exige resposta, e se não há, cabe a alguém exercer o papel do destinatário.
A abordagem da autora, nas cartas, assume a crítica, de uma forma tão vivida/sentida que sensibiliza e chama a atenção para observar a percepção do leitor diante do tema da loucura, percepção que segundo Luciene descortina cenários já apresentados porque “gostem ou não, o louco é um aspecto do humano. […] urge que se vá além da piedade, da segregação, da diferença” (CARVALHO, 2009, p. 31), forma, muitas vezes, assumida nos registros sobre o tema. Assim, discorre ainda a indiferença que é atribuída às pessoas e as diversas humilhações sofridas no sistema manicomial, bem como, a anulação daquilo que não se compreende: “por que somos tão punidos por algo que nos aconteceu sem que tivéssemos escolhas?” (CARVALHO, 2009, p. 33). Ainda neste cenário, descreve a luta do esquizofrênico contra o diagnóstico, as contradições existentes nas relações familiares e o medo de se aventurar por outros caminhos que possam trazer-lhes um pouco de luz, como por exemplo, a literatura.
A quarta carta da coletânea traz uma descrição de quem é o louco na sociedade contemporânea “[…] o louco é a ameaça ao teatro cotidiano do controle, do planejamento, do poder da razão. […] às vezes penso que cada ser humano é um manicômio individual com um louco dentro” (CARVALHO, 2009, p. 36-37), afirmação que já nos tiraria a consciência, fazendo-nos analisar quais, onde e quantas faces têm o nosso manicômio individual. O curioso é que todas as cartas são datadas de 10/11/2008, com conteúdos diferentes, escritos no mesmo dia.
É interessante notar ainda na primeira carta a dimensão dada à loucura, assim como a que usamos para designar ou interpretar a arte de modo geral: “a senhora usou a expressão “sua loucura…”. Declino a propriedade de qualquer loucura ou mesmo parte dela. Não, doutora, a loucura não é minha;” (CARVALHO, 2009, p.30). Assim, como a arte não é de seu autor, uma vez que exposta ela torna-se pública; de outra, também a loucura não é unicamente da narradora. É de todos que a leem, como o é da doutora a quem as cartas são direcionadas, cabendo assim outras interpretações possíveis, e por que não, a transmissão e divisão dos sentimentos descritos. Quem narra sua loucura a assume, divide e a faz ser preleção, pois já que “a loucura faz parte da natureza do humano” (CARVALHO, 2009, p. 30), cabe a nós, leitores, reconhecer em nós o turbilhão de insanidades que carregamos, muitas vezes, de forma inconsciente.
É ainda instigante o fato de que as cartas aos meus amores, descritas no prefácio, não existem, como no esperado pelo leitor. O que existe é uma Pequena indagação aos meus amores, que questiona o cenário desumano em que recebeu a identidade de louca. Esse silenciar de um texto anunciado, e que no fim, tal qual aguardamos, não existe na obra, sugeriria a privação do amor já que, a todo o momento, há a afirmação da não aceitação, exclusão e indiferença para com aquele que possui o diagnóstico de algum transtorno psiquiátrico. Seriam nossos amores criações do nosso estado de loucura? Teriam eles mergulhado no mar da insanidade, pois “louca é parte do que sou, porém não sou rasa.” (CARVALHO, 2009, p. 39), e assim se perderam na imensidão de uma mulher que se descobre a cada momento, mostrando ser sempre mais, que apenas o estado psíquico que se vê de imediato. Acredito que a busca de respostas para estas indagações é a confirmação individual do leitor às suposições da autora nas cartas enviadas à doutora Renée Freire.
Outra surpresa são as duas partes que se intitulam: o diário de uma internação e além das internações, esperamos narrativas sobre a trajetória manicomial, mas nos deparamos com poemas que representam os sentimentos do eu poemático, desconstruindo a ideia do gênero textual exibido, o diário. Essa forma de silenciar e ou de surpreender o leitor é um modo de dizer o quão singular é a trajetória do louco, a ponto de não seguir o rótulo anunciado, mas de propor outra configuração por meio dos versos, com sua forma lacunar que permite certas liberdades. A respeito da descontinuidade, observamos que os poemas da primeira parte são escritos depois da segunda parte.
Apesar da necessidade humana em narrar, a loucura pode ser, segundo a narradora, a única situação em que as palavras não conseguem ser materializadas no papel para uma descrição objetiva, linear, que limita o louco que julgado, sem suas propriedades mentais perfeitas, tais como defendem as normas convencionais, seja impedido de contar sua história, os acontecimentos ditos reais. Este fator faz da poesia e/ou dos gêneros que permitem a poeticidade mecanismos capazes de expor com rigor os sentimentos descontínuos de pacientes diagnosticadas com transtornos psíquicos. Temos então uma alternativa sensível que a autora encontrou para descrever as doenças que afetam a alma, tanto as de dentro do corpo, quanto às de fora, contaminações que invadem a sanidade mental e extravasam os muros da razão. Com estas poesias, o eu poemático preenche o espaço vazio de si: “[…] Ainda em cativeiro/busco a caneta/para conversa íntima e passageira/Sou a poeta /Do eterno regresso/E o meu verso/Sempre se remete a mim (CARVALHO, 2009, p.67)”. É como se a caneta fosse o instrumento que a permitisse se conhecer, romper as barreiras de uma identidade pré-moldada socialmente e, assim lhe permitisse se conhecer no revés do instituído.
Os poemas reeditados são textos já publicados em anos anteriores e que trazem como prenúncio as abordagens sobre a loucura e as possibilidades paradoxais da vida diante das coisas existentes no cosmo “[…] minha loucura e minha lucidez/habitam juntas” (CARVALHO, 2009, p. 101). Luciene apresenta ainda a visão limitada do ser humano diante da vida e as superações do eu poemático ao olhar para o sofrimento e as alegrias necessárias à vida “Claro que também tem nó,/avesso, insegurança./Mas nessas coisas de gozo,/meu corpo é igual criança: se entrega p’ra delícia/às gargalhadas./ E gosta de romance,/ de enleio, de prazer com corte” (CARVALHO, 2009, p. 99). Nos poemas, portanto, inscreve-se a dialética entre o real e o ficcional, que desnuda a visão unilateral.
A inquietude e a postura insaciável do eu poemático diante da vida faz-se presença, muitas vezes, conduzida pela sedução e pelo erotismo que emana do próprio corpo: “[…] irrita-me/ A tonta/Que não se sacia,/Que procura a fome/Do que desafia” (CARVALHO, 2009, p. 103). Outro imperativo da obra é a presença de textos de outros poetas, ou seja, são reeditados poemas de autores que estiveram junto com a autora já em suas primeiras produções[6]. Destacamos que Moreno e Neto (1994), autores dos poemas reeditados, endossam a mística da lua agindo sob o eu poemático e/ou vice-versa “[…] Aqui ninguém lhe quer bem/Mulher que fala na rua/Regida só pela lua/Vestida de semi-nua/Aqui não pode entrar/Na próxima, passa reto/Fale outro dialeto/Finja não me conhecer/Esquece o ponto de vista/Não quero seu parecer” (CARVALHO, 2009, p. 84).
Nos poemas reeditados, há a forte e paradoxal presença dos elementos interiores e exteriores que fazem com que a voz lírica sinta-se estrangeira de si, atravessada por outras vozes e descompassos a provocar-lhe a existência, questionando sua loucura e lucidez: “Só, na tarde,/Olho na janela, a vida passa./Eu, tão avessa ao cotidiano./Nem ir à cidade. Nem telefonemas./Apenas pequenos episódios domésticos/ A impedir a enxurrada de lembranças” (CARVALHO, 2009, p. 88).
Na parte que antecede o posfácio, a doutora Renée Freire responde as quatro cartas e, embora tenha aspecto mais informativo, pontua passo a passo, com um tom subjetivo, instigante e profissional os questionamentos de Carvalho, destacando que louva a iniciativa da autora em publicar as experiências. A doutora enfatiza que: “as mazelas diárias ficam bem disfarçadas quando temos um doente mental em casa” (2009, p. 112) e relata concordar que: “de certa forma parece mesmo que carregamos um pouco de loucura em cada um de nós” (2009, p. 113). O formato lacunar impera também no espaço entre as cartas enviadas e as respostas da psiquiatra, preenchido pelos poemas; isto reforça a não linearidade que conduz autora e obra.
As respostas às cartas, ao contrário do que se presume, parecem querer acordar o leitor dos êxtases e/ou dos delírios interpretativos oriundos dos poemas, parecem objetivar confundi-lo com a possibilidade de solução às inquietações da narradora das cartas enviadas. O leitor sempre quer saber até que ponto aquilo que leu existiu fora das páginas da obra, embora o texto, especialmente literário não tenha esta função. A autora em Insânia brinca com esse jogo de vela e desvela, apontam para dois universos construídos em diálogos, sonho e/ou realidade. Assim, questionamos: há algo real na obra? Há de fato cartas escritas por uma paciente? Há respostas verídicas da psiquiatra às cartas? A sensação que temos é que, talvez esteja oculta a real proposição da obra. Talvez os poemas permitam pensar mais que as cartas; talvez nos poemas haja mais dose de realidade que nas cartas; talvez as respostas à Luciene estejam na forma lacunar dos poemas; talvez nas cartas estejam apenas Luciene e Renée; talvez nos poemas estejamos todos nós. Trata-se de um jogo instigante que envolve o leitor a duvidar da própria sanidade e, dessa forma, passa também a ser louco em meio a interpretações e conflitos de temas que se movimentam pela/na existência. É na vicissitude, na instabilidade, no revés que se inscreve a genialidade da obra que mais instiga que revela.
Observamos que a doutora Renée discorda de alguns posicionamentos de Carvalho, embora entenda o lugar de onde legitima sua voz, a classe subalterna da sociedade a quem são sonegados direitos:
[…] no Brasil, já existem medicamentos com um perfil mais seletivo. Isso proporciona uma resposta terapêutica eficaz, com poucos efeitos adversos, resultando em maior adesão ao tratamento. Pena que essa medicação ainda seja privilégio de poucos. […] Quanto aos hospitais, você tem razão, a massificação permite abusos, e a fragilidade dos pacientes desperta o lado cruel dos que deveriam cuidar deles (FREIRE, IN: Carvalho, 2009, p. 110).
Todas as quatro cartas-resposta escritas por Renée Freire estão, também, com uma mesma data, 08/01/2009. A definição de poeta apresentada na resposta da quarta carta, sutilmente, destaca a importância de manter um equilíbrio que só a poesia é capaz de restituir em nós: os poemas respondem por que surgem livres e abertos às inúmeras interpretações, convocam sentidos, dialogam com as subjetividades, não as cartas. A sensação é que nos textos das cartas não pudéssemos atravessar, apenas degustar algo oferecido e já pronto, porque primeiro pertencem à Luciene, depois à Renée e vice-versa.
Não aprofundaremos na história da loucura, mas acreditamos instigante destacar a definição da psiquiatra de que a loucura “é uma disfunção bioquímica do nosso organismo” e/ou que a loucura foi ao longo da história interpretada de diversas formas, com a visão, muitas vezes, deturpada sobre os Transtornos Psiquiátricos o que, vulgarmente se intitulou de loucura (CARVALHO, 2009, p. 108-109). Tais definições são extremamente trabalhadas por Michel Foucault (1972) no livro intitulado a História da loucura, no qual o autor apresenta um panorama histórico e filosófico sobre a loucura ao longo da idade clássica, apresentando percepções que legitimam muitas nuances apresentadas na obra de Luciene, especialmente que:
Não há razão forte que não tenha de arriscar-se à loucura a fim de chegar ao término de sua obra, não existe um grande espírito sem uma ponta de loucura… É neste sentido que os sábios e os mais bravos poetas aprovaram a experiência da loucura e o sair, às vezes, dos trilhos normais (FOUCAULT, 1972, p. 41).
Esta concepção foucaultiana também é reforçada por Renée Freire na resposta da quarta carta à Luciene: “deixo aos poetas o conceito de loucura como uma ‘busca de equilíbrio de um psiquismo’ […] Porque de certa forma parece mesmo que carregamos um pouco de loucura em cada um de nós. Já dizia o poeta…” (CARVALHO, 2009, p. 113). O posfácio da obra de Luciene, também, exibe esse fio loucura-poesia, visto pela autora, assim mesmo, como em um continuum. Segundo ela, a loucura se presentifica: “[…] quando a realidade se faz maior do que podem suportar. […] por vezes ouso perceber a loucura não como o oposto do normal, mas como um portal” (CARVALHO, 2009, p. 117).
A autora destaca que a poesia contribui na arte de mantê-la em contato com a realidade racional “[…] é desse material que vou tecendo minha sanidade mental, permeada de minha loucura” (CARVALHO, 2009, p. 117). Este portal que se abre pelas vias da loucura a conduz a uma expressão subjetiva que lhe dá acesso a um território libertador, um espaço místico-poético onde pode lançar seus descontroles, com o poder de uma louca emblemática, potencializado por palavras.
Insânia é a história dos registros de quem a luta e a resistência foram/são companheiras. Luciene descreve poeticamente os episódios psiquiátricos e coloca em xeque a percepção estereotipada que, muitos de nós, temos sobre a loucura, com recheios poéticos. Trata-se de um fascinante jogo entre a criação poética e as experiências vividas produzido por quem foi jogada ao submundo do sistema manicomial e conseguiu emergir pela/com a literatura. Assim exprime a autora “[…] A poesia foi e é fundamental […] é desse material que vou tecendo minha sanidade pessoal, permeada de minha loucura, busca de estima própria e do direito de ser tratada com sensibilidade e respeito” (CARVALHO, 2009, p. 117). A obra é construída nesse jogo em que não sabemos o que de fato é real e que, mesmo não sendo e/ou não admitindo-nos loucos, a loucura está em nós e Insânia nos mostra essa dupla face. Para tanto, convoca o leitor a pensar sobre a falta de domínio total das coisas, a confusão intelectual e moral que assola o ser humano no contexto da contemporaneidade e a dificuldade em definir a linha limítrofe entre ficção ou realidade.
Com Insânia (2009), Carvalho externa seu ponto de vista sobre formas institucionalizadas e, especialmente, promove uma reflexão sobre a representação simbólica da loucura que rompe com um lado da história silenciado pela ordem cultural patriarcalista. A autora mobiliza discursos que ao narrar do lugar onde encontra sua subjetividade, institui outra percepção do mundo. Desprendida do rigor formal da linguagem e da ordem imposta, Carvalho inaugura outro universo social e simbólico, que acolhe a todos, questionando as diversas esferas que recebem o corpo do doente mental com suas idiossincrasias, vestindo-os como iguais, em série, atendendo as regras do status quo e marginalizando-o.
Neste sentido, tem-se que no discurso da autora “Não somos nada além de poeira./Levadas, pessoas-bolhas./Sem vontade ou direção” (CARVALHO, 2009, p. 92), muitas vezes, condicionada por uma sociedade moldada por estereótipos e estigmas que deformam seres humanos, que os impedem de viver e que, também, negam aos outros o direito de viver suas inteirezas. Ainda, tal qual a autora, apontamos conceitualmente a arte como busca a construção de um novo tempo. Tempo em que a experiência de seu processo se faz a partir da própria necessidade do devaneio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Luciene. Insânia. Cuiabá/MT: Entrelinhas, 2009.
CANDIDO, Antonio. Outros escritos. São Paulo: Duas cidades, 2005.
CANDIDO, Antônio, ROSENFELD, Anatol, PRADO, Décio de Almeida Prado & GOMES, Paulo Emílio Salles. A Personagem de Ficção. São Paulo: Perspectiva, 2014, 13 edição.
CHEVALIER, JEAN; GHEERBRANT, ALAIN. Dicionário de símbolos: mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. Rio de Janeiro: José Olympio, 2015.
FOUCAULT, Michel. História da loucura. São Paulo: Perspectiva, 1972.
OLIVEIRA, Maria Elizabete Nascimento de. OLIVEIRA, Thainá Aparecida Ramos de. Entre flores e vidas: a poética da existência, nas vozes de Luciene Carvalho, Ladra de flores. IN: Suplemento Literário Nódoa no Brim. Ed. 64, 15 de agosto de 2019.
SCHØLLHAMMER, Karl Erik. Ficção brasileira contemporânea. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
NOTAS
[1] http://danielhercos.com.br/vangogh.html
[2] https://www.pensador.com/autor/miguel_torga/
[3] https://www.letras.mus.br/chico-buarque/86076/
[4]Observe que é a lua quem fecha o poema Ingresso p’ra Insânia e abre as portas para Insânia: 27.11.2008/Cuiabá/Primavera/Lua Negra. Neste sentido, é importante ainda observar a composição gráfica do livro, as fotos em preto e branco, como potencialidades de outras linguagens, especialmente do campo literário-poético.
[5] Esta personagem é apresentada como cheia de genialidade e força carregada por um magnetismo profundo que a coloca como decisiva, mediúnica, intrigante, observadora e astuta no trato com os outros. Lilith é a lua negra, poderosa, mas que amedronta por trazer em si a escuridão e o mistério, com dimensões que ainda não há sabedoria para compreender. A importância da LUA em nossas vidas: Lilith – A Lua Negra
https://www.somostodosum.com.br/artigos/astrologia/a-importancia-da-lua-em-nossas-vidas-lilith–a-lua-negra-03651.html
[6] CARVALHO, Luciene; MORENO, Juliano; NETO, Archimedes. IX Flamp: Devaneios Poéticos. Cuiabá: EdUFMT, 1994.
Idezia de Cândio
É lindo observar o florescimento de obras tão significativas…
Elizabete
Olá Idezia!
Que bom ter você por aqui…
Abraços afetuosos!