Uma poema de Julia da Hora – Coluna Escrevivências
Julia da Hora, baiana, nascida do canto dos pássaros, no berço do Amado, aos delírios da poesia de Castro Alves, aos suspiros e gritos do velho Chico. Graduanda em letras com Espanhol (UEFS). A minha graça é não me prender a nada que me defina.
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Identidade
Procurei-me por todo canto,
Uma busca incessante…
Percorrendo as piores vielas da consciência
Estando em todos os lugares
Mas só existindo dentro de mim.
Uma lembrança…
Como uma pingueira na minha cabeça
Que pinga o que já fui
Aos poucos me recordo
E me estranho pelo que sou.
Como uma perda irreparável
De alguém que nunca precisou de reparos
Paro naquele instante,
Mas a pingueira não para de pingar
Desconheço-me.
Reapresento-me o que eu sou
Ressignifico a minha intimidade
No meio repleto de pessoas que não conheço
Sou a única conhecida de mim mesmo.
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A Gestão Escrevivências (2022-2023) é composta por representantes dos 04 cursos de Letras ofertadas pela Universidade Estadual de Feira de Santana. Tendo licenciandos dos respectivos cursos: Letras com Português, Letras com Português e Inglês, Letras com Português e Espanhol e Letras com Português e Frances. O movimento que teve o seu inicio no ano de 2019, articula durante todos os anos a tríade de seus ideais: Renovação, Resiliência e Resistência.
A “Coluna Escrevivências”, realizada na Revista Ruído Manifesto, provém de um movimento dedicado e aberto aos estudantes dos cursos de Letras da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), é fruto da inquietação levada para o Diretório Acadêmico, pela estudante e poeta Nina Maria, apoiada pelo estudante e contador de histórias Felipe Lisonjeado. Vivemos tempos difíceis e tenebrosos em função da pandemia, que ainda hoje enfrentamos, mas numa escala aparentemente menor. Esse cenário corrobora ainda mais à importância de um Diretório Acadêmico (D.A) que, de maneira artística, crítica, política, propague e incentive as diversas multiplicidades artísticas de toda a sua comunidade. O termo que abrilhanta o nome da Gestão e da coluna, faz jus ao que a querida escritora Conceição Evaristo emprega em sua vida e obra: escreviver, além de demarcar a historicidade de um povo, contribui para que sua vida, sua arte e a r(e)sistência falem. Esse é o nosso objetivo com esta coluna, ser o lápis que remete o lugar de onde pertencemos ao escreviver para propagar.