Breve Antologia do Conto Mato-Grossense (na Internet): Primeira Parte – Por Divanize Carbonieri
Palavra é lavoura é uma coluna criada por Divanize Carbonieri para ressaltar o vigor e a diversidade da efervescente literatura mato-grossense na contemporaneidade. Tem como objetivo oferecer às leitoras e leitores de todos os lugares um panorama mais amplo do que é produzido em Mato Grosso, muito além da soja e do milho.
Divanize Carbonieri é professora, poeta e contista. Autora de dez livros, entre eles as coletâneas de contos Passagem estreita (2019), Nojo (2020) e Nave Alienígena (2022).
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Breve Antologia do Conto Mato-Grossense (na Internet)
Primeira Parte
1. Ângela Coradini, “Invernos”. In: https://ruidomanifesto.org/um-mini-conto-de-angela-coradini/
Narrado na primeira pessoa, enfoca a convivência entre a narradora-protagonista e uma muda de rosa do deserto. Mulher e planta parecem se irmanar numa dimensão subjetiva, intimista. Os principais temas são a perseverança diante das dificuldades e a esperança por dias melhores.
2. Agnaldo Rodrigues da Silva, “O décimo-terceiro andar”. In: https://ruidomanifesto.org/um-conto-de-agnaldo-rodrigues-da-silva/
Narrado na terceira pessoa, constitui uma espécie de terror psicológico. A atmosfera gótica e o enfoque nos meandros da mente humana o aproximam da estética de Edgar Allan Poe, que surge revigorada, entremeando-se numa narrativa veloz e concisa, característica da pós-modernidade.
3. Clark Mangabeira, “Do outro lado”. In: https://www.revistapixe.com.br/clark-magabeira-9/
Narrado na terceira pessoa e escrito de forma breve e um tanto alucinante, é capaz de causar um verdadeiro nocaute em quem o está lendo. A dor da separação e a experiência da finitude são alargadas pela quebra das expectativas e pela reverberação dos sentidos subjacentes.
4. Divanize Carbonieri, “Correnteza”. In: https://ruidomanifesto.org/correnteza-um-conto-de-divanize-carbonieri/
Narrado na terceira pessoa, passa-se num espaço e num tempo indeterminados, mas provavelmente distantes da vida urbana do presente. Uma mulher enfrenta uma situação extrema, tentando não se desviar do que dá sentido à sua vida: a possibilidade de cavalgar livre por planícies extensas.
5. Eduardo Mahon, “A menina que roubava cores”. In: https://www.revistapixe.com.br/eduardo-mahon-12
Narrado na terceira pessoa, tem como protagonista a menina Estela, que é hostilizada por sua pequena comunidade por ser diferente dos demais. Misturando lirismo e fantasia a uma narrativa de intolerância, parece enfatizar a ideia de que a diversidade é o que dá colorido ao mundo.
6. Érika Gentile, “Carona”. In: https://ruidomanifesto.org/um-conto-de-erika-gentile/
Narrado na terceira pessoa, focaliza a experiência de uma jovem que ingressa paulatinamente na vida adulta. A leitura parece instigar uma amarga indagação: até que ponto é possível para uma mulher percorrer livremente, no mundo atual, seu caminho rumo à autonomia e maturidade?
7. Felipe Holloway, “A queda”. In: https://ruidomanifesto.org/um-conto-de-felipe-holloway/
Narrado na terceira pessoa, numa longa e vertiginosa sentença, retrata um intenso instante do relacionamento entre uma mãe e seu filho. Lutando contra as próprias percepções e inferências, a protagonista se lança numa espécie de abismo infinito, arrastando consigo leitores e leitoras.
8. Joe Sales, “Tramela”. In: https://ruidomanifesto.org/um-conto-de-joe-sales/
Narrado na terceira pessoa, oferece um texto escrito sem pontuações, o que demanda uma leitura sem pausas para tomar fôlego. Conta a história de César, um garoto da periferia criado na igreja e que estuda apenas até o nono ano. Sua trajetória é breve e intensa como o modo como é narrada.
9. Juçara Naccioli, “1/3 de Misericórdia”. In: https://ruidomanifesto.org/um-conto-de-jucara-naccioli/
Narrado na terceira pessoa, centra-se na jornada de Patativa, de sua aldeia para a cidade grande ainda na adolescência. Anos depois, ao retornar, encontra a mãe doente, que lhe revela um segredo de família. Religiosidade, amor e traição são os principais temas numa trama de reviravoltas.
10. Karolaynne Nunes, “Do outro lado”. In: https://ruidomanifesto.org/especial-revista-ikebana-um-conto-de-karolaynne-nunes/
Narrado na segunda pessoa, apresenta o discurso de um narrador que se dirige a outra pessoa, imóvel numa cama. Sem interlocução, ele deixa entrever, em seu monólogo, uma história de amor e violência. Conexões são sutilmente traçadas para que o(a) leitor(a) construa a sua significação.
11. Larissa Campos, “A lagarta-de-fogo”. In: https://ruidomanifesto.org/um-conto-de-larissa-campos-3/
Narrado na primeira pessoa, compõe uma espécie de mosaico narrativo em que as peças são encaixadas por meio de associações. Apresenta fragmentos do percurso de crescimento e amadurecimento da narradora, que os costura, arrematando-os com um fio condutor.
Olga castrillon
Muito bom! Um panorama da contística mato-grossense era o q faltava para impulsionar o processo de difusão da literatura entre os jovens leitores. Parabéns, Divanize!!!